O presidente indonésio, Joko Widodo, é intransigente sobre a execução de estrangeiros condenados à morte por tráfico de drogas, entre eles um brasileiro e um francês, apesar dos pedidos internacionais de clemência.
O Supremo Tribunal da Indonésia rejeitou na terça-feira o último recurso de apelação do francês condenado à morte por fuzilamento por tráfico de drogas, que pedia a revisão de seu caso.
O francês, Serge Atlaoui, de 51 anos, que clama inocência, forma parte de um grupo de 11 estrangeiros condenados à morte por narcotráfico, junto com o brasileiro Rodrigo Gularte, de 42 anos, que, segundo sua família, sofre de transtornos mentais.
Também na terça-feira, os juízes do Supremo Tribunal negaram o recurso do ganês Martin Anderson, que também espera sua hora no corredor da morte por tráfico de drogas.
No dia 6 de abril, a justiça indonésia já havia rejeitado a apelação de dois australianos condenados à morte por narcotráfico, abrindo caminho para sua execução junto a outros nove condenados estrangeiros.
O próprio brasileiro Rodrigo Gularte havia apresentado um pedido de indulto ao presidente indonésio, que também foi negado.
Em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff negou-se a aceitar as cartas credenciais do novo embaixador da Indonésia devido à execução por fuzilamento do também brasileiro Marco Archer, em 18 de janeiro.
Na ocasião, junto ao brasileiro foram executados na Indonésia cinco condenados à morte, entre eles quatro forasteiros.
Um gesto de clemência
O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, pediu na terça-feira à Indonésia um gesto de clemência em relação ao cidadão francês no corredor da morte.
No entanto, devido à intransigência mostrada até agora pelo presidente Joko Widodo, conhecido como Jokowi, estes apelos têm poucas chances de serem atendidos.
"Jokowi está profundamente convencido de que uma execução é o melhor para lutar contra o tráfico de drogas", que deixa todos os anos centenas de mortos no país, declarou nesta quarta-feira à AFP o analista político Yohanes Sulaiman.
"Politicamente, Jokowi compreendeu que os indonésios querem um líder firme, e quer demonstrar que é um presidente firme, comparado com seu antecessor (Susilo Bambang Yudhoyono), conhecido por sua indecisão", acrescenta.
Depois de ter vencido as eleições e assumido o cargo em outubro, uma das primeiras decisões do presidente Jokowi foi rejeitar todos os pedidos de indulto dos condenados à morte por tráfico de drogas.
Segundo uma pesquisa realizada pela agência Indo Barometer com 1.200 pessoas na Indonésia de 15 a 24 de março, 84,1% dos interrogados se declararam favoráveis à aplicação da pena de morte para os condenados por tráfico de drogas, e apenas 11,8% se pronunciaram contra.
Segundo o analista Sulaiman, as ameaças da França ou da Austrália contra a Indonésia de que haverá consequências se as execuções ocorrerem quase não terão impacto.
"É muito pouco provável que a Austrália ou a União Europeia imponham um boicote econômico" à Indonésia, primeira economia do sudeste asiático, acrescenta.
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