O Deutsche Bank aceitou pagar uma multa de 2,51 bilhões de dólares às autoridades dos Estados Unidos para evitar um processo penal pela manipulação de taxas interbancárias, incluindo a taxa Libor.
A multa financeira é um recorde neste caso, investigado pelos agentes reguladores há vários anos no mundo. O recorde anterior era do banco suíço UBS, com uma multa de 1,5 bilhão de dólares recebida em 2012.
O principal banco alemão terá que pagar 775 milhões ao departamento de Justiça americano, 800 milhões ao regulador de mercados de matérias-primas CFTC, 600 milhões ao regulador de serviços financeiros de Nova York (DSF) e 344 milhões de dólares ao regulador britânico FCA, afirmou o Departamento de Justiça de Estados Unidos em um comunicado.
"Durante anos, funcionários do Deutsche Bank manipularam ilegalmente taxas de juros no mundo todo (...) com a esperança de manipular o mercado de forma fraudulenta para gerar lucros e em detrimento dos clientes do banco", acusou a secretária adjunta do departamento de Justiça, Leslie Caldwell.
- Corretores afastados -
O Deutsche Bank, que é pressionado a ser "o banco de todos os alemães" e, ao mesmo tempo, tem ambição de competir com os gigantes anglo-saxões do setor, também aceitou tirar os corretores que operam em Nova York, Londres, Tóquio e Frankfurt.
"Embora alguns funcionários envolvidos no desfalque já tenham deixado o banco, ainda há os que serão notificados sobre o final de seu contrato e a proibição de operar no sistema financeiro de Nova York", declarou o superintendente do departamento de Serviços Financeiros do estado de Nova York, Benjamin Lawsky.
Assegurando "aceitar as conclusões dos reguladores", os co-diretores do banco, Jürgen Fitschen e Anshu Jain, disseram nesta quinta-feira lamentar "profundamente" o ocorrido.
O custo é alto porque o banco teve que passar uma carga de 1,5 bilhões de dólares em suas contas do primeiro trimestre.
Os reguladores acusam os corretores do Deutsche Bank de terem trabalhado em conivência com seus colegas de outros grandes bancos entre 2005 e 2009 para manipular a taxa interbancária Libor, que influencia os empréstimos das moradias e das empresas.
"O Deutsche Bank conspirou em segredo com os concorrentes para manipular as taxas de juros de referência do centro financeiro mundial", afirmou Bill Baer, outro secretário adjunto.
- Declarando-se culpado -
A Libor (London Interbank Offered Rate) é fixada em Londres e serve de referência para cerca de 360 trilhões de dólares de contratos no mundo todo.
Está disponível para várias divisas importantes, como o dólar, o euro, o iene e a libra esterlina. As taxas são calculadas a partir de um painel de seis a 18 bancos.
A fim de restaurar a credibilidade, as autoridades britânicas passaram as taxas à responsabilidade do NYSE Euronext.
"As fraudes do Deutsche Bank não afetaram apenas contrapartes que não suspeitavam de nada, abalaram a integridade e a competitividade dos mercados financeiros", completou.
Uma filial do maior banco alemão, DB Group Services Limited, também aceitou declarar-se culpada e admitiu uma falha em seus sistemas de controle.
A decisão significa que a empresa matriz não corre o risco de perder a licença bancária nos Estados Unidos. O Deutsche Bank assinou um acordo no qual reconhece a acusação e se compromete a não cometer infrações do mesmo tipo. Em troca, as autoridades abrem mão de processar penalmente o banco.