A Indonésia notificou neste sábado nove condenados à morte por narcotráfico - incluindo oito estrangeiros, um deles o brasileiro Rodrigo Gularte - de que serão executados, indicou um porta-voz do Ministério Público. Gularte, 42 anos, foi condenado à morte em 2005 por ingressar na Indonésia com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surf.
"Agora mesmo acabamos de notificar (a execução) a cada preso, nove pessoas, com exceção de Serge (Atlaoui, o francês)", disse à AFP Tony Spontana, ressaltando que os fuzilamentos não ocorrerão em menos de três dias. O nome de Atlaoui, que figurava na lista inicial, foi retirado na última hora.
No final de semana passado, a Indonésia fuzilou seis condenados por tráfico de drogas, entre eles o brasileiro Marco Archer Cardoso. Após o fuzilamento, a presidente Dilma Rousseff - que tentou em vão salvar a vida de Marco Archer - chamou para consultas o embaixador brasileiro em Jacarta para manifestar seu repúdio à execução.
Clemência
O governo da presidente Dilma Rousseff voltou a pedir clemência para Gularte, de 42 anos. A solicitação é feita às vésperas de uma reunião em que, provavelmente, será informada oficialmente a data do fuzilamento de Gularte e mais nove estrangeiros. A pena poderá ser cumprida a partir de terça-feira.
A Indonésia convocou o representante da Embaixada do Brasil no país, juntamente com os diplomatas de todos os países que têm cidadãos no corredor da morte, para comparecerem a uma reunião hoje, 25, às 2 horas de Brasília, na prisão de Nusakambangan, em Cilacap, a 400 km de Jacarta, para serem informados sobre os próximos passos a serem adotados em relação aos condenados.
Embora o assunto não tenha sido adiantado, a praxe é que os governos sejam convocados para tomar conhecimento da execução 72 horas antes de ela ocorrer.
Em mais uma tentativa de evitar a morte de Rodrigo Gularte, o encarregado de representante da Indonésia no Brasil foi chamado ao Itamaraty, no fim da tarde de ontem, para ouvir um novo pedido de clemência.
O embaixador Carlos Alberto Simas Magalhães, subsecretário-geral da comunidade brasileira no exterior, disse ao ministro-conselheiro da Indonésia Rizki Safary, que embora o governo brasileiro não desconsidere a gravidade do crime cometido por Gularte e respeite a legislação local, apelava para que ele não fosse fuzilado, por “razões humanitárias”, já que foi diagnosticado com esquizofrenia.
As relações entre Brasil e Indonésia estão estremecidas desde a execução do brasileiro Marco Archer Moreira, em 18 de janeiro, condenado por tentar entrar na Indonésia com 13 quilos de cocaína. Em represália, a presidente Dilma se recusou a receber as credenciais do novo embaixador indonésio no Brasil, Toto Riyanto, em 20 de fevereiro. Por isso, hoje o principal representante indonésio no Brasil é um ministro-conselheiro e não o embaixador. (Com AFP e Agência Estado)