Os tremores secundários, um deles de magnitude 6,7, ocorreram na noite de sábado e na manhã deste domingo, obrigando as pessoas na capital nepalesa a passar a noite ao relento ou em tendas de campanha.
"A eletricidade está cortada.
O terremoto deixou até agora 2.430 vítimas e cerca de 6.000 feridos, segundo o último balanço do Centro nacional de Operações de emergência divulgado no domingo.
Enquanto isso, na Índia as autoridades estimavam em 67 o número de mortos e a televisão estatal chinesa disse que 18 pessoas morreram na região do Tibete.
Estima-se que o balanço de vítimas crescerá, pois ainda há muitas áreas isoladas pelo terremoto mais violento a atingir o Nepal nos últimos 80 anos.
"Cenas terríveis"
O terremoto bloqueou as estradas da capital e provocou danos no aeroporto internacional, que precisou ser fechado por motivos de segurança.
Em Katmandu, centenas de edifícios desabaram. A histórica torre Dharahara, uma das maiores atrações turísticas da cidade, não resistiu aos abalos e seus nove andares vieram abaixo deixando uma montanha de escombros.
Enquanto as equipes de salvamento buscavam entre os escombros, muitas com a ajuda de suas próprias mãos, os hospitais estavam lotados.
Muitos médicos atendiam os feridos, a maioria com fraturas múltiplas e traumatismos, em tendas de campanha anexas devido à grande quantidade de feridos, mas também porque muitas pessoas tinham medo de entrar no edifício, explicou Samir Acharya, médico do Hospital neurológico Annapurna.
A Cruz Vermelha mostrou sua preocupação pelo moradores das zonas rurais isoladas perto do epicentro do terremoto. "Prevemos perdas de vidas humanas e danos materiais consideráveis", advertiu Jagan Chapagain, diretor para Ásia-Pacífico da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICR).
"As estradas estão danificadas ou bloqueadas pelo barro As comunicações não funcionam, o que nos impede de conectar os escritórios locais da Cruz Vermelha e obter informações verídicas", explicou.
"Vimos cenas terríveis de destruição, hospitais que foram evacuados e pacientes atendidos no chão, casas e edifícios demolidos e ruas com rachaduras abertas", narrou Eleanor Trinchera, coordenadora da Cáritas na Austrália.
As primeiras incinerações em massa, para afastar o risco de doenças e infecções, ocorreram no distrito Pashupatinath de Katmandu.
As réplicas também provocaram novas avalanches no acampamento base do Everest, segundo montanhistas presentes, logo depois que helicópteros de salvamento evacuaram os feridos da avalanche de sábado, que matou ao menos 18 pessoas.
O porta-voz do Departamento de Turismo, Tulsi Gautam, informou que há 61 feridos no local, a maioria estrangeiros.
Solidariedade internacional
A mobilização da comunidade internacional começou a ser sentida neste domingo.
A Índia enviou 13 aviões de transporte militar carregados com comida, mantas e material humanitário. A China anunciou o envio de 62 socorristas com cães farejadores.
Washington desbloqueou uma primeira parcela de um milhão de dólares, seguido por Londres, com 5 milhões de libras, Canadá, com cinco milhões de dólares e a UE, com 3 milhões de euros.
Dois aviões russos com equipes de salvamento devem sair da Rússia para o Nepal neste domingo, segundo o ministério de Situações de Emergência.
Várias ongs, como a Médicos do Mundo, a Handicap Internacional e a Ação contra a Fome estão no local da tragédia.
Vários equipes formadas por cirurgiões, médicos, profissionais de logística e coordenadores de Índia, Bélgica, Japão e França partiram ou estão para partir para o Nepal, segundo informou Laurent Sury, do Médicos Sem Fronteiras (MSF)..