Um navio mercante da empresa dinamarquesa Maersk, com bandeira das Ilhas Marshall, foi forçado nesta terça-feira a desviar seu curso pela Marinha iraniana para um porto do país quando estava na altura do Estreito de Ormuz, anunciou o Pentágono.
Pelo menos cinco navios iranianos forçaram a embarcação "Tigris", da empresa Maersk, a seguir para a ilha iraniana de Larak, depois de disparos de advertência diante da proa, anunciou o Departamento de Defesa americano.
Por volta das 09H00 GMT (06H00 de Brasília), pelo menos cinco embarcações da denominada Guarda Revolucionária de Teerã abordaram o navio no Estreito de Ormuz, em águas iranianas, e exigiram que desviasse para Larak.
O capitão do cargueiro declinou o pedido e uma das embarcações iranianas abriu fogo.
Depois, o cargueiro "acatou a solicitação iraniana e procedeu a entrada em águas iranianas nas proximidades de Larak Island", relatou o porta-voz do Pentágono, coronel Seteven Warren.
Segundo o Departamento de Defesa, não havia americanos a bordo do cargueiro.
Homens da Guarda Revolucionária abordaram no navio, que emitiu um pedido de socorro através de uma rádio de canal aberto e o Comando Central Militar dos EUA escutou, ordenando o envio de um destróier, o "USS Farragut", para o local.
O destróier recebeu instruções "para se deslocar à máxima velocidade para a localização mais próxima do Tigris Maersk", informou Warren, embora fosse "improvável" que a embarcação americana entrasse em águas territoriais do Irã.
O Comando Central também determinou que aviões militares monitorem a situação do alto, acrescentou.
Segundo o responsável de assuntos marítimos da Organização dos Portos Iranianos, Hadi Haghshenas, "uma ordem de confisco do navio foi emitida por um tribunal" e está relacionada a uma dívida da empresa Maersk.
Citado pela agência oficial Irna, o diretor-executivo da Organização dos Portos, Mohammad Saidinejad, confirmou que trata-se de um litígio de ordem privada e que a operação ocorreu em águas territoriais iranianas.
"Uma denúncia de uma empresa privada provocou o confisco de um navio de bandeira das Ilhas Marshall pela guarda costeira nas águas iranianas".
O incidente ocorreu em meio a tensões crescentes na região, enquanto a Arábia Saudita e seus aliados do Golfo Pérsico realizam ataques aéreos no Iêmen contra os rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã.
Os Estados Unidos proporcionaram apoio de inteligência e abastecimento em voo para as forças da coalizão liderada pelos sauditas.
O navio de carga fez sua última parada no porto de Jidá, no Mar Vermelho - na costa saudita -, segundo o site maritimetraffic.com, e estava navegando pelo Estreito entrando no Golfo.
O porto de escala levou a suspeitas de relação entre a decisão iraniana de tomar o controle do navio e a disputa de poder entre o Irã e a Arábia Saudita envolvendo o Iêmen.
Warren destacou que é cedo demais para dizer se o incidente representa uma tentativa do Irã de perturbar o comércio nesta via.
Ao ser interceptado, o navio transitava em uma rota marítima usada comumente por embarcações comerciais, que se encontra em águas territoriais iranianas.
De acordo com o direito marítimo internacional, no Estreito de Ormuz, navios comerciais têm o direito de cruzar as águas iranianas, sob o princípio do "direito de passagem inofensivo".
Os Estados Unidos defendem e ajudam financeiramente as Ilhas Marshall, mas autoridades americanas não informaram se estes vínculos com o arquipélago obrigam Washington a agir.
"Temos certas obrigações, atualmente estamos trabalhando neste tema", disse o coronel Warren.