O emblemático estado mexicano de Jalisco (oeste) permanecia neste sábado assustado com a inédita ofensiva na véspera de um cartel do narcotráfico, que atacou um helicóptero militar, ação que matou três soldados e deixou outros três desaparecidos.
Os militares desaparecidos estão sendo procurados no matagal e em arbustos da região, parcialmente queimados no acidente.
"Talvez se esconderam ou caíram da aeronave ou estão inconscientes ou perderam a vida. Há muita vegetação no local. Nada está descartado", disse à AFP uma fonte do governo que pediu para ter sua identidade preservada.
Questionada sobre a possibilidade de que os soldados tenham sido sequestrados, outra fonte declarou, também sob anonimato: "não quero especular sobre isso. Mantemos a versão de que estão desaparecidos".
O ataque ocorreu na sexta-feira, depois de uma perseguição de um helicóptero militar Cougar a veículos com homens armados na estrada que une as localidades de Casimiro Castillo e Villa Purificación.
Os criminosos abriram fogo e atingiram a cauda da aeronave.
O helicóptero foi obrigado a fazer um pouso de emergência no matagal perto de um morro e nesta manhã era resguardado por 200 militares que impediam aos jornalistas se aproximar dos destroços da aeronave.
Dos 18 tripulantes, três militares morreram, 10 soldados e dois policiais federais ficaram feridos e três militares estão desaparecidos, informou a Comissão Nacional de Segurança.
No total, sete pessoas morreram, incluindo os três soldados e um agente da Promotoria estadual. Outras 19 pessoas ficaram feridas e 19 foram detidas ao longo de toda a sexta-feira. Quatro confrontos foram registrados entre os criminosos e as forças de segurança.
Ao mesmo tempo, homens armados espalharam o terror em 25 municípios de Jalisco, incluindo a capital, Guadalajara, a segunda maior cidade do país, com o bloqueio de ruas e estradas, com vários automóveis incendiados e lojas atacadas.
Os ataques foram uma demonstração de força do cartel em Jalisco, região com 7,3 milhões de habitantes. O governo afirma que a violência foi uma reação dos narcotraficantes ao início da "Operação Jalisco", na qual militares e policiais tentam desarticular o cartel 'Jalisco Nueva Generación', responsável por vários ataques contra as autoridades.
O cartel 'Jalisco Nueva Generación' é um dos mais novos do México. Foi fundado em 2010 e ganhou força enquanto o governo combatia os rivais, como 'Los Caballeros Templarios' ou 'Los Zetas'.
Em outro ato de violência no país, um candidato do governista Partido Revolucionário Institucional (PRI) a uma prefeitura do violento estado de Guerrero (sul) foi assassinado a tiros após um ato de campanha.
O Congressos de Guerrero, estado onde 43 estudantes desapareceram em setembro de 2014, condenou o homicídio do candidato a prefeito do município de Chilapa, Ulises Fabián Quiroz, e exigiu uma investigação e a detenção dos assassinos.
Em 25 de abril, o candidato a governador de Guerrero pelo partido Movimento Cidadão, Luis Walton, também foi morto quando seguia de Chilapa ao município de Zapotitlán por um grupo criminoso.