O Facebook se aliou a nove editores de notícias para lançar uma função que permitirá que agora poderão publicar artigos diretamente no feed de notícias da rede social, agilizando sua visualização.
O acordo, muito aguardado e anunciado nesta quarta-feira, permite aos usuários fazer download do conteúdo que lhes interessa mais rápido.
Compartilhar artigos no aplicativo móvel do Facebook é cada vez mais comum, mas atualmente são necessários oito segundos para carregar os textos, um tempo mais extenso que todos os conteúdos propostos pela rede social.
Esta nova função, denominada "Instant Articles" (Artigos Instantâneos, em tradução livre), divide por 10 o tempo de espera para que ele seja carregado, segundo o Facebook.
A vantagem para os nove sócios do Facebook, The New York Times, National Geographic, BuzzFeed, NBC, The Atlantic, The Guardian, BBC News, Spiegel e Bild, é que eles poderão manter as receitas de publicidade integradas aos seus artigos.
Além disso, os editores poderão usar a experiência do Facebook para melhorar a rentabilidade da publicidade.
No primeiro momento o recurso estará disponível apenas para iPhones - em breve será estendido para outras mídias.
- "Os servos do Facebook" -
De acordo com um estudo recente do Pew Research Center, cerca de 30% dos norte-americanos obtêm informações através do Facebook. Os editores da mídia tradicional, por sua vez, têm dificuldade para se adaptar à era digital e gerar receitas de publicidade.
"No geral, eu não acho que seja uma boa ideia", considerou Dan Kennedy, professor de jornalismo da Universidade Northeastern, em Boston.
"Quando a mídia entrega boa parte de seu conteúdo para outra empresa que tem suas próprias prioridades, há riscos", disse.
Segundo ele, o Facebook não é transparente no que diz respeito ao algoritmo que se aplica ao conteúdo das informações e pode avançar unilateralmente para fazer mudanças para promover ou remover itens.
O crítico do New York Times David Carr, que morreu em fevereiro, disse que os grupos de imprensa se tornarão em breve meros "servos no reino do Facebook" se uma solução como o Articles fosse colocada em prática algum dia.
Os algorítimos usados pelo Facebook para gerenciar conteúdo de mídia são muitas vezes criticados e acusados de criar uma "bolha", em que os usuários só leem o que lhes interessa e estreitam seu campo de conhecimento por não compartilhar itens com seus amigos.
Mas o Facebook publicou na semana passada um estudo que diz o contrário: seus membros estão fortemente expostos a conteúdos mais diferentes, mas esses resultados devem ser vistos com ceticismo.
Indo mais longe, Danny Sullivan, editor-fundador do blog Search Engine Land, disse que o acordo vai pavimentar o caminho para o Google tentar fazer o mesmo. "Temo as consequências que serão produzidas pela internet independente ser enquadrada por estes dois gigantes Facebook e Google", escreveu em seu blog.
Mas Jeff Jarvis, professor de jornalismo na City University de New York, foi mais otimista: "Se a tecnologia e as informações encontrarem um terreno comum, podemos começar a reinventar o jornalismo com novos modelos de distribuição".
"Na indústria da mídia não podemos fazer tudo sozinhos", continuou ele em seu blog. "Já não somos mais monopólios que controlam o conteúdo e distribuição do começo ao fim. Temos que viver em um ecossistema e trabalhar com os outros", explicou.