A greve geral é liderada por sindicatos de transportes. Em Buenos Aires, ônibus, trens e metrô não funcionam, o que deixou como alternativas a quem pretendia ir trabalhar os táxis (em geral, os conduzidos pelos próprios proprietários), as bicicletas e a carona em carros particulares.
De madrugada, ativistas começaram bloqueios sistemáticos nas principais entradas da capital, estratégia usada na paralisação do dia 31 de março. As estradas passaram a ser liberadas por volta das 11 horas e os manifestantes marcharam do Obelisco, ponto turístico na principal avenida da cidade, a 9 de julho, até o Congresso. Embora não houvesse dados dos sindicatos sobre a adesão, o protesto de hoje pareceu menos eficaz que o de março, pelo maior número de lojas abertas.
Como os postos de gasolina não abrem, os taxistas trabalham enquanto há combustível. A coleta de lixo na capital será retomada somente à noite e a maior parte dos bares e restaurantes não deve abrir. Bancos e supermercados funcionam. Nos hospitais, só os serviços de emergência são mantidos.
A razão da greve é a resistência do governo em ampliar a faixa de isentos ao imposto sobre o salário, hoje em 15 mil pesos (R$ 5,1 mil). O tributo desconta até 35% da renda, de acordo com a faixa salarial. O kirchnerismo aceitou reduzir o valor cobrado dos que ganham entre 15 mil pesos e 25 mil pesos, o que na prática significou um aumento no salário líquido de 5% a 6%. Também querem um salário mínimo de 8.600 pesos (R$ 2.950).
O ministro dos Transportes, Florencio Randazzo, referiu-se à falta de transporte como uma "detenção domiciliar de milhões de trabalhadores". Esta é a quinta greve enfrentada pelo governo de Cristina Kirchner, pressionada pela insatisfação com a inflação de 15% anual pela estatística oficial e de até 25% segundo consultorias privadas. Os líderes das categorias querem um reajuste superior a 30%, enquanto o governo quer manter os aumentos abaixo dos 27%. O país tem eleição em outubro.