O príncipe Saud al-Faisal, que foi chefe da diplomacia saudita por 40 anos antes de deixar suas funções em abril passado, faleceu, informaram nesta quinta-feira sua família e uma fonte oficial.
Segundo diferentes fontes sauditas, o príncipe faleceu no exterior, após um ataque cardíaco. A informação não foi confirmada pelas autoridades.
Nascido em 1940 e originário da região montanhosa de Taef, o príncipe Faisal sofria de diversos problemas de saúde. Em particular, apresentava dificuldades para caminhar, após ter sido operado da coluna nos Estados Unidos em janeiro passado.
"Que Alá o receba no Paraíso", escreveu seu sobrinho, Saud Mohamed Al Abdallah al-Faisal, em postagem no Twitter.
Um outro membro da família, Nawaf al-Faisal, anunciou sua morte no Facebook.
"Eu gostaria de poder negar a notícia de sua morte", postou no Twitter o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Osama Nugali.
Único chanceler do mundo a permanecer tanto tempo no cargo, Saud al-Faisal, serviu a quatro reis e representou durante quatro décadas a política externa da Arábia Saudita.
Em abril, por questões de saúde, ele pediu para ser substituído na pasta, de acordo com o decreto publicado na época pela agência oficial de notícias SPA. Foi, então, nomeado conselheiro e enviado especial do rei Salmane.
Adel al-Jubeir assumiu como novo chanceler, em meio à importante reforma do gabinete realizada pelo rei Salmane, que chegou ao trono em janeiro passado.
A saída de Saud al-Faisal do Ministério aconteceu em um contexto de forte tensão regional, marcada pelo envolvimento do reino saudita em duas operações militares. Uma delas é diretamente liderada por Riad contra os rebeldes xiitas no Iêmen, e a outra, coordenada pelos Estados Unidos, contra o grupo Estado Islâmico (EI) em porções de território na Síria e no Iraque.
Em uma primeira relação à notícia do falecimento, a embaixada da Alemanha em Riad manifestou suas condolências e descreveu o príncipe como "um homem de Estado respeitado".
Já o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, emitiu uma nota de pêsames, saudando o "um diplomata corajoso e nobre, que defendeu com bravura as causas da nação árabe".
Nomeado ministro das Relações Exteriores em outubro de 1975, sete meses após o assassinato de seu pai, o rei Faisal, por um sobrinho, Saud desempenhou um papel de protagonista nos esforços que puseram fim à guerra civil no Líbano (1975-1990).
Esse diplomata experiente dirigiu a política externa saudita durante a guerra Irã-Iraque (1980-1988), a invasão iraquiana do Kuwait (1990) e a guerra do Golfo (1991).
O ex-ministro contribuiu, ativamente, para o relançamento, em março de 2007, de um plano de paz árabe com Israel de inspiração saudita. Na época, ele foi considerado como um elemento moderado em relação a Israel.
Em 1964, Saud al-Faisal se formou em Economia pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Depois, trabalhou para a companhia de petróleo pública Petromin e para o Ministério do Petróleo, do qual foi subsecretário de Estado em junho de 1971.
Casado, o príncipe deixa seis filhos, três homens e três mulheres.