A família de Jean Charles de Menezes pediu justiça nesta quarta-feira diante da estação de metrô londrina onde há dez anos o brasileiro foi confundido com um terrorista suicida e foi morto pela polícia, dias após os atentados de julho de 2005.
Uma década depois da morte do jovem eletricista, seus primos deixaram flores e acenderam velas para lembrar o aniversário da tragédia.
Eles também voltaram a pedir que os agentes responsáveis pela morte do brasileiro sejam processados.
Jean Charles foi baleado sete vezes na cabeça e uma no ombro na estação de Stockwell no dia 22 de julho de 2005, um dia depois da tentativa frustrada de réplica dos ataques suicidas que no dia 7 de julho deixaram 52 mortos no metrô da capital britânica.
Naquele dia, com Londres em alerta máximo, a polícia seguiu Jean Charles até o metrô ao confundi-lo com o suicida Hussain Osman, que estava foragido e vivia em seu mesmo bloco de apartamentos.
Diante do mosaico em homenagem ao brasileiro que adorna a estação de Stockwell, seus primos Vivian Figueiredo, Alessandro Pereira e Erinaldo da Silva fizeram um minuto de silêncio.
Todos vestiam camisetas pretas com o lema "Justice for Jean", em um logo que mistura o símbolo do metrô londrino com a mira de uma arma.
"A família vive 10 longos anos de dor, luta e determinação para que a justiça seja feita, e para prender não apenas os que atiraram, mas também os que deram a ordem", disse um porta-voz da campanha em andamento às dezenas de pessoas que participaram da homenagem.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) começou a examinar no mês passado o caso a pedido dos advogados de sua família, que contestam ante os juízes europeus o tratamento judicial dado ao caso no Reino Unido. Ali nenhum policial foi processado individualmente porque a promotoria considerou que não existiam provas suficientes.
A Grande Câmara, instância suprema do TEDH, formada por 17 juízes, emitirá seu veredicto dentro de vários meses, e sua decisão será definitiva.
No dia 7 de julho de 2005, quatro islamitas cometeram suicídio ao detonar três bombas em estações de metrô da cidade e uma quarta em um ônibus. Os ataques deixaram 52 mortos e 700 feridos, vários deles em estado grave.
As vítimas eram de 10 nacionalidades diferentes - principalmente britânicos, mas também da Polônia, Itália, Afeganistão ou Israel -, além dos quatro terroristas do condado de Yorkshire, norte da Inglaterra: Mohammed Sidique Khan, 30 anos, líder do grupo, Shehzad Tanweer, 22, Hasib Hussain, 18, e Jermaine Lindsay, 19.
Duas semanas depois dos atentados, em 21 de julho de 2005, uma série de tentativas frustradas de ataques foi registrada nos transportes públicos da cidade, gerando como consequência trágica a morte de Jean Charles no dia seguinte.