Jornal Estado de Minas

Grupo Nikkei compra britânico Financial Times por US$ 1,3 bi

O grupo britânico Pearson anunciou nesta quinta-feira a venda do grupo FT, que inclui o renomado jornal econômico Financial Times, ao conglomerado de meios de comunicação japonês Nikkei.

O valor da operação é de 844 milhões de libras (cerca de 1,3 bilhão de dólares).

A venda pode ser concluída antes do final do ano e inclui a versão on-line do FT. Estão fora do pacote o prédio onde fica a redação do jornal e os 50% da revista The Economist, que também integra o FT Group.

Depois do anúncio, as ações do grupo Pearson fecharam em alta de 2,07% na Bolsa de Londres, nesta quinta, a 12,34 libras por ação (19,16 dólares).

"Pearson foi um orgulhoso proprietário do FT por quase 60 anos", afirmou o conselheiro delegado do grupo, John Fallon, em um comunicado. "Mas chegamos a um ponto de inflexão no setor de mídia, impulsionado pelo crescimento exponencial da mobilidade e das redes sociais. Nesse novo entorno, a melhor maneira de garantir o sucesso jornalístico e comercial do FT é que faça parte de uma companhia de mídia global e digital".

Em uma videoentrevista do FT, Fallon explicou que o grupo quer se concentrar em atividades relacionadas com o setor educacional. O grupo Pearson obtém 90% de sua receita da divisão de livros e serviços educativos.

O presidente e diretor-geral do Nikkei, Tsuneo Kita, disse estar "muito orgulhoso" de trabalhar com o Financial Times.

"Nosso compromisso de oferecer um jornalismo de alta qualidade sobre a informação econômica e outras, sendo justos e imparciais, está muito próximo do FT. Compartilhamos os mesmos valores jornalísticos", completou.

O grupo Nikkei edita, entre outras publicações, o jornal econômico de mesmo nome. É o maior grupo de mídia independente da Ásia e uma referência para os dirigentes e empresários japoneses. Conta com mais de 7.300 funcionários.

Segundo analistas, o preço de venda é excepcional no mercado atual de comunicação.

O jornal americano "The Washington Post", por exemplo, foi comprado no final de 2013 pelo americano Jeff Bezos, fundador da Amazon, por apenas 250 milhões de dólares.

Sucesso na rede

"O FT protagonizou uma das mais bem-sucedidas adaptações de um jornal para a Internet, estimulada por sua habilidade para vender assinaturas digitais, graças à sua informação exclusiva", comenta o professor de Jornalismo Financeiro Steve Schifferes, da City University de Londres.

"Sua base de assinantes também permite aos anunciantes ter acesso a pessoas de alta renda (...) Mas ainda tem de competir com várias páginas gratuitas de notícias financeiras, e seu sistema de pagamento pode limitar seu crescimento no futuro", acrescentou.

Fundado em 1888, o jornal é, desde 1893, impresso em suas inconfundíveis páginas de cor salmão. Em 1957, foi comprado por Pearson e, em 1979, a edição europeia começou a ser publicada. Hoje, o FT é impresso no mundo todo, incluindo cidades como Nova York, Tóquio, Hong Kong e Dubai.

Inaugurada em 1995, a edição on-line representa 70% de sua difusão total e, em 2012, o número de assinaturas digitais superou as da edição em papel. As versões para tablets e smartphones correspondem à metade do tráfego do ft.com.

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