Saif al Islam, o filho mais conhecido de Muanmar Kadhafi, e oito colaboradores do falecido ditador líbio foram condenados à morte nesta terça-feira por um tribunal de Trípoli pela sangrenta repressão da revolta que colocou fim ao regime em 2011. O tribunal condenou à morte, entre outros, o último primeiro-ministro de Kadhafi, Bagdadi al Mahmudi, e seu ex-chefe dos serviços de inteligência Abdullah Senusi.
Os dois ex-dirigentes estavam presentes na sala. Já Saif al Islam não acompanhou o julgamento na capital líbia, porque está preso na cidade de Zintan (sudoeste), nas mãos de uma milícia oposta às autoridades de Trípoli. Durante o processo participou por videoconferência.
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Novas revelações indicam vínculos entre Kadhafi e o Reino UnidoJustiça europeia anula sanções contra primo de KadhafiTPI rejeita pedido da Líbia de julgar filho de Kadhafi, Seif al-IslamO julgamento, iniciado em abril de 2014, foi criticado por organizações de defesa dos direitos humanos, que afirmam que os acusados tiveram um acesso limitado a advogados e a documentos chave. O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos criticou a condenação de Saif al-Islam Kadhafi e denunciou a ausência de um processo justo.
"A ONU e opõe à utilização da pena de morte em qualquer circunstância.
O caso de Saif al Islam também foi marcado por uma disputa não resolvida com o Tribunal Penal Internacional de Haia, que reivindica sua jurisdição no caso. Na sala, no centro de Trípoli e sob fortes medidas de segurança, 29 acusados estavam presentes. Nove foram condenados à morte ante o pelotão de fuzilamento e oito à prisão perpétua.
Quatro foram absolvidos, enquanto as acusações contra um acusado foram abandonadas e ele será enviado a um hospital psiquiátrico. O resto dos 37 acusados foram condenados a penas que variam de 1 a 12 anos de prisão. Segundo o procurador-geral, as penas de prisão são aplicáveis imediatamente, e apenas os condenados à morte podem apelar da decisão ante a Suprema Corte.
Disputas em torno de Saif al Islam
A milícia que mantém Saif al Islam preso é leal ao governo reconhecido internacionalmente, que em agosto de 2014 precisou se refugiar em Tobruk (leste) quando uma coalizão de milícias tomou o poder em Trípoli, criando seu próprio governo e parlamento.
O Conselho de Segurança da ONU confiou o conflito líbio ao TPI em fevereiro de 2011, em meio à repressão do regime de Kadhafi contra um levante popular encorajado pela Primavera Árabe, que acabava de derrubar os presidentes de Tunísia e Egito.
Os promotores do Tribunal consideram que Saif al Islam formava parte do círculo mais íntimo de seu pai, e que "concebeu e dirigiu um plano para dissuadir e colocar fim por todos os meios às manifestações civis contra o regime de Kadhafi".
Desde sua captura, em novembro de 2011, um mês depois da morte de seu pai, o TPI pediu sua extradição, até o momento em vão. O TPI, competente para julgar genocídios e crimes de guerra e contra a humanidade cometidos a partir de 2012, também exige Senusi, que primeiro se refugiou na Mauritânia e depois foi extraditado à Líbia. Mas diferentemente de Saif al Islam, o TPI autorizou a Líbia a julgar Abdullah Senusi..