Jornal Estado de Minas

Buscas por destroços do MH370 são relançadas na Ilha de Reunião

As operações de busca para encontrar possíveis novos destroços procedentes do voo MH370 começaram nesta sexta-feira na Ilha de Reunião, com o objetivo de avançar na investigação e desvendar o enigma de seu desaparecimento em março de 2014.

Um avião militar de transporte tipo CASA decolou da base militar aérea de Sainte-Marie (norte de Reunião) "para efetuar buscas ao redor da costa" da ilha francesa, situada no oceano Índico, informou à AFP a comandante Aline Simon.

As autoridades francesas anunciaram na quinta-feira à noite o envio de "meios aéreos e marítimos adicionais para detectar a possível presença de novos destroços" após a identificação quase certa de um fragmento de asa - chamado flaperon - pertencente ao Boeing 777 do voo MH370 da Malaysia Airlines, desaparecido em 8 de março de 2014 com 239 pessoas a bordo.

Além do avião de carga, "patrulhas a pé, missões de helicóptero e de brigada aquática" foram mobilizadas, de acordo com o governo francês.

As condições meteorológicas complicaram o lançamento da operação nesta sexta de manhã, porque chovia no norte e leste da ilha.

"As condições não são ideais para um voo ou para a mobilização de um edifício da Marinha", ressaltaram fontes próximas às autoridades da Reunião.

Com o anoitecer, as operações foram interrompidas e serão retomadas no domingo.

A cidade de Saint-André, onde foi encontrado o fragmento de asa e o pedaço de uma mala em 29 de julho, anunciou por sua vez que "equipes comunitárias e associativas" realizariam "uma busca completa" do seu litoral.

As autoridades da ilha vizinha de Maurice também continuavam as buscas em seu território a pedido de Kuala Lumpur.

Um avião usado pela polícia realizou dois sobrevoos na quinta-feira. Um terceiro foi realizado por uma aeronave Defender utilizado para buscas no mar, segundo indicou nesta sexta-feira um porta-voz da polícia da ilha.

Imenso perímetro

O perímetro potencial de buscas é imenso. Se as primeiras análises do flaperon encontrado na semana passada permitiram aos investigadores franceses apontar com quase certeza absoluta seu pertencimento ao voo MH370, sua origem geográfica permanece incerta.

A investigação francesa deve se concentrar particularmente em torno da Corrente Equatorial Sul (SEC). Esta corrente quente circula entre a Austrália - onde se concentram as buscas pelo avião - e a Indonésia em direção a Madagascar.

Segundo vários especialistas oceanógrafos, essa corrente teria carregado o flaperon para Reunião.

O CASA, aeronave de carga tática militar, é particularmente conhecido pela sua grande autonomia em voo, que permite cobrir uma grande área.

Estas buscas deveriam ajudar a trazer novos elementos para a investigação.

Para muitos especialistas aeronáuticos, o flaperon certamente permitiu confirmar formalmente que o voo MH370 caiu no mar, mas é improvável que as análises ainda em curso nesta peça permitam explicar as causas do acidente, nem por que o avião se desviou de seu plano de voo.

Para tanto, seriam necessários outras partes e, idealmente, as caixas-pretas.

Acalmar as famílias

Estas buscas também visam acalmar as famílias das vítimas que não escondem a sua desconfiança vis-à-vis as autoridades malaias ou australianas.

"Não é apenas uma peça, mas centenas de destroços que temos de encontrar. Um único detrito após 16 meses é extremamente suspeito", declarou na quinta-feira na I-Tele Ghyslain Wattrelos, pai e marido três das quatro vítimas francesas.

"A Austrália diz que esta descoberta confirma a zona do acidente, mas isso não confirma nada. Eu não acredito, desde o início, que o avião caiu no local onde estão nos dizendo", desabafou.

Parentes dos 153 desaparecidos chineses também pediram nesta sexta-feira à companhia aérea Malaysia Airlines de financiar sua viagem à Reunião.

"Queremos ver pessoalmente qual é a situação real", disse Lu Zhanzhong, pai de um dos passageiros: "Eu quero ir ver se a mala de meu filho não está lá".

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