Nova Orleans prestou homenagens neste sábado às vítimas do furacão Katrina, que devastou a cidade há dez anos e deixou 1.800 mortos e um milhão de deslocados, lembrando as vítimas e celebrando com marchas e música a recuperação do local.
Às 08H29 da manhã (10H29 de Brasília), horário em que há uma década o primeiro dique cedeu, as autoridades depositaram coroas de flores no memorial às vítimas do Katrina no bairro do Lower Ninth Ward, um dos mais pobres da cidade, majoritariamente habitado pela comunidade negra e o mais duramente castigado pelas inundações.
Na cidade vizinha de Biloxi, no Mississippi (sul), os sinos dobraram na manhã deste sábado na hora exata em que o furacão chegou à costa americana.
"Embora o furacão Katrina nos tenha colocado de joelhos, não deixamos que esta tempestade nos destruísse", declarou o governador da Louisiana, Bobby Jindal.
Quatrocentas pessoas se reuniram no cemitério Charity Hospital de Canal Street para a cerimônia solene, na qual discursos de personalidades foram alternadas com os de parentes das vítimas e com homenagens musicais.
"Nova Orleans será altiva. Ainda estamos de pé depois de 10 anos", disse o prefeito Mitch Landrieu. "Nós nos erguemos e nos ergueremos de novo, mas só poderemos fazê-lo se nos apoiarmos uns nos outros e não deixarmos ninguém para trás".
O memorial contém os restos mortais das vítimas que não foram identificados ou reclamados.
No total, 1.800 pessoas morreram na costa americana do Golfo, quando o Katrina tocou terra em 29 de agosto de 2005. Um milhão de moradores tiveram que deixar suas casas e estima-se que os danos tenham chegado a 150 bilhões de dólares.
À cerimônia solene se seguiram desfiles, marchas e festas para encerrar uma semana com tributos, conferências e uma visita do presidente, Barack Obama.
Obama viajou na quinta-feira para Louisiana (sul), assim como o ex-presidente George W. Bush (2001-2009), muito criticado por sua gestão da crise provocada pelo furacão em 2005.
Mais tarde, uma fanfarra deve liderar uma "festa da resiliência", à qual se seguirão concertos por toda a cidade neste dia de homenagens, que terminará com um discurso, à noite, do presidente Bill Clinton (1993-2001).
Mar de miséria
Transformado em furacão de categoria 5 - a mais elevada da escala -, o Katrina atingiu a costa sul dos Estados Unidos em 29 de agosto de 2005. Os diques que protegem Nova Orleans, em parte situada abaixo do nível do mar, cederam e 80% da cidade ficou inundada.
A água subiu tão rápido que muitos moradores morreram afogados. Centenas se refugiaram nos tetos, isolados pela inundação.
Os poucos setores secos da cidade ficaram mergulhados no caos, à medida que dezenas de milhares de pessoas cada vez mais desesperadas pela falta de comida e de água sob um calor sufocante, aguardavam uma ajuda que demorava em chegar.
"Todos os que somos suficientemente maduros para lembrar, nunca esqueceremos as imagens dos nossos compatriotas americanos em um mar de miséria e ruína", disse na sexta-feira o ex-presidente Bush, que saudou a capacidade de recuperação da cidade.
Uma parte importante da população nunca mais voltou. Nova Orleans tem atualmente cem mil moradores a menos do que antes do Katrina e muitos só chegaram à cidade nos últimos anos.