Uma política econômica que cause estragos sociais deve ser submetida à justiça universal, como um crime contra a humanidade, sugeriu o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón durante congresso em Buenos Aires, onde o co-fundador do WikiLeaks, Julian Assange criticou, por videoconferência, a geopolítica comercial dos Estados Unidos.
"Conseguimos definir a justiça universal para crimes contra a humanidade e de guerra. Agora queremos avançar para que sejam julgadas as agressões econômicas a povos inteiros e a seus ecossistemas", disse Garzón na abertura, na quarta-feira, do II Congresso de Jurisdição Internacional no século XXI.
Garzón é conhecido pela prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet (1973-90) em Londres, em 1998, por crimes contra a humanidade.
"Os Estados Unidos abandonarão a Organização Mundial de Comércio. Eles buscam estruturar um novo bloco com outras leis de comércio, finanças, transporte, etc, sem contemplar a noção de direitos humanos", disse por videoconferência o australiano Assange, que revelou ao mundo comprometedores despachos diplomáticos secretos.
No teatro Cervantes, Assange disse a uma plateia de juristas, ativistas e funcionários públicos, que a iniciativa dos EUA é "o maior jogo geopolítico do mundo, uma reestruturação sem os valores dos direitos humanos".
Entre os convidados ao evento estavam prêmios Nobel da Paz, o argentino Héctor Sëjenovich e a guatemalteca Rigoberta Menchú.
Garzón disse à AFP que "é evidente o fracasso da política migratória da Europa. E a solução não deve ser militar nunca, mas atender ao motivo do problema".
"Com que direito sofremos essas correntes migratórias dos que vêm de um conflito que foi armado pelo Ocidente, pela ineficácia dos Estados Unidos e da União Europeia?", questionou o ex-juiz, defensor do foro universal em casos de negação de justiça em um país por violações aos direitos humanos.
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