Jornal Estado de Minas

Governo do Egito se demite após escândalo de corrupção

O governo egípcio se demitiu neste sábado, em meio a um escândalo de corrupção, e o presidente Abdel Fatah al Sisi designou o ministro do Petróleo para liderar o próximo gabinete.

O primeiro-ministro egípcio Ibrahim Mahlab apresentou neste sábado a demissão de seu governo ao presidente Abdel Fatah al Sissi, que a aceitou, anunciou a presidência através de um comunicado, sem dar detalhes sobre as razões que motivaram a demissão.

Sisi encarregou Sherif Ismail, ministro do Petróleo do governo demissionário, de formar um novo gabinete no prazo de uma semana, segundo a presidência.

O presidente egípcio elogiou os "esforços de seu primeiro-ministro e sua equipe durante este difícil período na história do país".

Mahlab, um cacique do partido do deposto presidente Hosni Mubarak, foi designado para o posto de primeiro-ministro no início de 2014.

Sua renúncia coincide com a divulgação de vários casos de corrupção e com a detenção, há menos de uma semana, do ministro da Agricultura.

Um alto funcionário egípcio, que pediu para permanecer em anonimato, afirmou que a mudança de gabinete procura "dar um novo impulso" ao governo, pouco depois de que um de seus ministros se viu envolvido em um escândalo de corrupção.

O ministro da Agricultura, Salah Helal, havia sido detido na segunda-feira no Cairo depois de o presidente o obrigar a se demitir, no marco da investigação de um caso de corrupção dentro de sua administração.

"Foi detido no marco de uma investigação de um importante caso de corrupção dentro de seu ministério", assegurou a agência de imprensa governamental MENA.

Neste caso de corrupção, funcionários do ministério haveriam recebido subornos por ajudar empresários a adquirirem de maneira ilegal terrenos pertencentes ao Estado.

Suspeita-se que o próprio Helal "pediu e recebeu" subornos que foram pagos pelo homem de negócios Ayman al Gamil, com o objetivo de "legalizar" a compra de terrenos estatais, segundo as autoridades.

Contudo, para o professor de Ciências Políticas da Universidade do Cairo, Kamel al Sayyed, o principal motivo da mudança do gabinete "é que o presidente estava insatisfeito com o trabalho de alguns ministros e considerava que o governo não havia alcançado os objetivos desejados".

Eleições sem oposição

A demissão de Mahlab acontece a algumas semanas das eleições legislativas que devem começar em 17 de outubro, uma votação cujos resultados inúmeros observadores dão como certos.

Esta eleição legislativa ocorrerá praticamente sem nenhuma oposição.

As últimas legislativas foram no final de 2011, dez meses depois da revolta popular que derrubou Mubarak após longos anos no poder. Nestas eleições ganharam os Irmãos Muçulmanos, fraternidade de Mohamed Mursi, que seis meses depois se converteu no primeiro presidente eleito democraticamente no Egito.

A organização islâmica ganhou todas as eleições organizadas entre 2011 e 2013, ano em que Sissi, então chefe do exército, derrubou e mandou deter Mursi. Outros líderes da fraternidade também foram presos ou vivem no exílio.

Sissi, eleito presidente em maio de 2014, tem sido acusado por organizações de defesa dos direitos humanos de liderar um regime repressivo e de ter eliminado a oposição do cenário político.

Inclusive as principais vozes dissidentes laicas e liberais, em particular os líderes da juventude revolucionária que tirou Mubarak do poder em 2011, estão atrás das grades.

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