Alexis Tsipras se impôs nas eleições deste domingo, de acordo com os primeiros resultados parciais, e ganhou sua aposta de convocar novas eleições para recuperar impulso político depois de concluir o terceiro plano de resgate do país.
Com cerca de 50% dos votos apurados, o partido de esquerda Syriza, liderado pelo ex-primeiro-ministro, levou vantagem de sete pontos sobre o seu grande rival Nova Democracia, de Evangelos Meimarakis.
"Diante de nós se abre o caminho do trabalho e das lutas", escreveu no Twitter o líder de esquerda, que quer ter uma margem de manobra na aplicação do novo plano de resgate.
Segundo dados do ministério do Interior, o Syriza soma, até o momento, 35,54% dos votos, com 145 cadeiras do parlamento, a seis da maioria absoluta. O Nova Democracia, liderado por Evangelos Meimarakis, somou 28,07% dos votos, com 75 cadeiras.
A lei eleitoral grega dá um bônus de 50 deputados ao partido mais votado.
Meimarakis reconheceu sua derrota para a imprensa e felicitou a Tsipras por sua vitória. "Parece que nesses seis meses os cidadãos não mudaram de opinião", declarou.
Na falta de maioria absoluta, Tsipras deverá voltar a formar uma coalizão para continuar governando. Os candidatos são o Pasok socialista, os centristas do To Potami, e a direita soberanista Gregos Independentes.
O Syriza voltará a formar coalizão de governo com o partido de direita soberanista Gregos Independentes, anunciou na noite de domingo (horário local) o líder do partido, Panos Kammenos.
"A partir de amanhã de manhã, com Tsipras como primeiro-ministro, procederemos a um governo que vai tirar a Grécia dos resgates financeiros", disse Kammenos a um canal de TV, após a confirmação da vitória do Syriza nas legislativas deste domingo.
Segundo esses primeiros resultados, a terceira força política continuará sendo a neonazista de Amanhecer Dourado, com 7,18% dos votos e 19 cadeiras.
O novo parlamento teria, então, oito partidos, um a mais do que a formação anterior, com a entrada da União de Centristas.
Uma aposta exitosa
Com a vitória, Tsipras ganha sua aposta de convocar novas eleições para recuperar uma legitimidade arranhada pelo terceiro resgate financeiro do país.
Tsipras se comprometeu a cumprir as condições do novo resgate, de aproximadamente 86 bilhões de euros e previsto para três anos.
Ele prometeu, no entanto, que sua aplicação buscará proteger os mais vulneráveis e que lutará pela redução da dívida pública pública do país, que com o novo plano chegará a 200% do PIB.
Tsipras chegou ao poder em 25 de janeiro com a promessa de acabar com as políticas de austeridade aplicadas na Grécia desde 2010.
Após a vitória esmagadora do "não" às condições impostas pelos credores no referendo de 5 de julho, Tsipras terminou por aceitar o resgate no dia 13 de julho em Bruxelas.
Ao submeter esse acordo ao parlamento, Tsipras perdeu a maioria na câmara, enfrentado um racha de muitos deputados de seu próprio partido, contrários ao resgate e às condições impostas.
Para recuperar impulso, Tsipras decidiu renunciar em 20 de agosto e forçar novas eleições antecipadas para este domingo.