Os palestinos hastearam pela primeira vez, nesta quarta-feira, sua bandeira na sede das Nações Unidas, em Nova York, no mesmo dia em que o presidente Mahmud Abbas pediu à entidade internacional que garanta à Palestina um status integral como Estado-membro.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e Abbas presidiram a cerimônia, lotada, no Jardim Rosa, depois de o líder palestino fazer um ataque duro em seu discurso na Assembleia Geral à ocupação contínua de Israel.
"Neste momento histórico, eu digo ao meu povo em toda parte: erga bem alto a bandeira palestina porque é o símbolo da nossa identidade", disse Abbas, de 80 anos, à multidão. "Hoje é um dia de orgulho para os palestinos", acrescentou.
Israel e Estados Unidos tinham rejeitado a iniciativa como um gesto simbólico que não serviria à causa da paz. Mas Ban disse que os símbolos são importantes e podem abrir o caminho à ação.
"Agora é a hora de restaurar a confiança tanto de israelenses quanto de palestinos em um acordo pacífico e, por fim, à realização de dois Estados para dois povos", afirmou.
A bandeira nas cores vermelha, branca e verde foi hasteada sob um céu de chumbo e com ameaça de chuva. A multidão explodiu em festa quando começou a tremular sob uma brisa suave.
Dezenas de pessoas se reuniram na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, para assistir ao hasteamento da bandeira pela TV. Quando a pequena multidão viu Abbas na tela, começou a comemorar para depois se silenciar para ouvir suas palavras.
Em 10 de setembro, a Assembleia Geral aprovou permitir o hasteamento das bandeiras da Palestina e do Vaticano - que têm status de observadores - na sede da organização, lado a lado com a dos 193 Estados-membros.
A resolução foi apoiada por 119 países, com 45 abstenções e oito votos contrários, incluindo Austrália, Israel e Estados Unidos.
Pedido de reconhecimento
Abbas usou seu discurso nesta quarta-feira, na Assembleia Geral, para pedir "àqueles países que ainda não reconheceram o estado da Palestina, que o façam".
"A Palestina, que é um Estado observador nas Nações Unidas, merece o reconhecimento integral e um status integral como Estado-membro", afirmou.
Em seu discurso, o presidente palestino ameaçou também deixar de respeitar os acordos assinados com Israel se o Estado hebreu não fizer o mesmo, por exemplo prosseguindo com sua política de colonização na Cisjordânia.
"Não podemos continuar estando atados a estes acordos e Israel deve assumir todas as responsabilidades de potência ocupante porque o status quo não pode continuar", afirmou.
Esta ameaça, com a qual as autoridades palestinas costumam acenar, levaria na prática à dissolução da Autoridade Palestina e, segundo a Convenção de Genebra, Israel deveria, então, assumir os temas civis da população nos territórios ocupados.
As palavras de Abbas foram criticadas imediatamente pelo premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, antes de ele mesmo subir ao púlpito para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, na quinta-feira.
"O discuso de Abu Mazen (Mahmud Abbas) é desonesto, incita à provocação (anti-israelense) e à destruição no Oriente Médio", reagiu o gabinete do premiê, mediante um comunicado.
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