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Estado de Minas

Bandeira palestina tremula pela primeira vez na ONU


postado em 30/09/2015 17:37

Os palestinos hastearam pela primeira vez, nesta quarta-feira, sua bandeira na sede das Nações Unidas, em Nova York, no mesmo dia em que o presidente Mahmud Abbas pediu à entidade internacional que garanta à Palestina um status integral como Estado-membro.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e Abbas presidiram a cerimônia, lotada, no Jardim Rosa, depois de o líder palestino fazer um ataque duro em seu discurso na Assembleia Geral à ocupação contínua de Israel.

"Neste momento histórico, eu digo ao meu povo em toda parte: erga bem alto a bandeira palestina, porque é o símbolo da nossa identidade", disse Abbas, de 80 anos, à multidão. "Hoje é um dia de orgulho para os palestinos", acrescentou.

Israel e Estados Unidos tinham rejeitado a iniciativa como um gesto simbólico que não serviria à causa da paz. Mas Ban disse que os símbolos são importantes e podem abrir o caminho à ação.

"Agora é a hora de restaurar a confiança tanto de israelenses quanto de palestinos em um acordo pacífico e, por fim, na realização de dois Estados para dois povos", afirmou.

A bandeira nas cores vermelha, branca e verde foi hasteada sob um céu de chumbo e com ameaça de chuva. A multidão explodiu em festa quando começou a tremular sob uma brisa suave.

Dezenas de pessoas se reuniram na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, para assistir ao hasteamento da bandeira pela TV. Quando a pequena multidão viu Abbas na tela, começou a comemorar, silenciando em seguida para ouvir suas palavras.

Em 10 de setembro, a Assembleia Geral aprovou permitir o hasteamento das bandeiras da Palestina e do Vaticano - que têm status de observadores - na sede da organização, lado a lado com a dos 193 Estados-membros.

A resolução foi apoiada por 119 países, com 45 abstenções e oito votos contrários, incluindo Austrália, Israel e Estados Unidos.

Pedido de reconhecimento

Abbas usou seu discurso na Assembleia Geral, nesta quarta-feira, para pedir "àqueles países que ainda não reconheceram o Estado da Palestina, que o façam".

"A Palestina, que é um Estado observador nas Nações Unidas, merece o reconhecimento integral e um status integral como Estado-membro", afirmou.

Em seu discurso, o presidente palestino também ameaçou deixar de respeitar os acordos assinados com Israel, se o Estado hebreu não fizer o mesmo, por exemplo prosseguindo com sua política de colonização na Cisjordânia.

"Não podemos continuar estando atados a esses acordos, e Israel deve assumir todas as responsabilidades de potência ocupante, porque o status quo não pode continuar", afirmou.

Esta ameaça, com a qual as autoridades palestinas costumam acenar, levaria na prática à dissolução da Autoridade Palestina e, segundo a Convenção de Genebra, Israel deveria, então, assumir os temas civis da população nos territórios ocupados.

As palavras de Abbas foram criticadas imediatamente pelo premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, antes mesmo de ele subir ao púlpito para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, na quinta-feira.

"O discurso de Abu Mazen (Mahmud Abbas) é desonesto, incita à provocação (anti-israelense) e à destruição no Oriente Médio", reagiu o gabinete do premiê, mediante um comunicado.

Por motivos diferentes, o movimento islamita palestino Hamas também criticou o discurso de Abbas na ONU.

Além de defender que a Palestina merece ser reconhecida como Estado, integralmente, Abbas evocou "os enormes sacrifícios" feitos pelos palestinos e sua "paciência durante todos esses anos de sofrimento e de exílio".

"O discurso de Abbas é sentimental", declarou à AFP o porta-voz do Hamas Sami Abu Zuhri.

Segundo ele, as palavras de Abbas serão julgadas em relação ao compromisso que ele assumiu de "não honrar mais os acordos com o ocupante israelense".

O Hamas sempre acusou Abbas e a Autoridade Palestina de se comprometerem com Israel, mantendo a cooperação em termos de segurança com o Estado hebreu.

O movimento controla a Faixa de Gaza no território.


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