Desde a mais óbvia, "snaw" (neve, somente), a "sneesl", quando começa a nevar; a compilação também reúne termos como "skelf", para um floco de neve grande; "snaw-ghast", para as imagens que a neve formam; e "snaw-pouther", para a neve fina. "O clima tem sido uma parte vital da vida dos escoceses durante séculos", explicou a professora Susan Rennie, que lidera o projeto do dicionário histórico. "O número de variedade de palavras na língua demostra o quão importante era para os nossos ancestrais se comunicar sobre o clima, que tanto podia afear suas vidas", continuou Rennie, em um comunicado da Universidade de Glasgow.
A primeira parte do novo dicionário histórico escocês será publicada online nesta quarta-feira (https://scotsthesaurus.org/) e pretende classificar toda as palavras nesse dialeto desde os primórdios até hoje. Na obra existem outras curiosidades. São muitos os termos esportivos, como não poderia ser de outra forma em um país onde é muito apreciado o rugby e o futebol, dentre outros, mas o esporte ou jogo que proporcionou mais palavras ao escocês são as bolinhas de gude, brincadeira infantil jogada com bolinhas de barro ou vidro, que reúne 369 palavras.
UMA LÍNGUA QUE RENASCE O escocês engloba uma série de dialetos que guardam muitas relações com o inglês, diferente do gaélico, que também se fala na Escócia e é uma língua indo-europeia totalmente distinta.
Nas obras dos grandes escritores escoceses, como Walter Scott, Robert Louis Stevenson e Robert Burns, muitas palavras em escocês são usadas, como no famoso poema deste último "Auld Lang Syne", "Faz muito tempo", que se canta em muitos países anglo-saxões para se despedir do ano.
No último censo, em 2011, 1,6 milhões de escoceses - de uma população total de 5,3 milhões - se definiram como falantes de escocês. "O escocês deriva das mesmas raízes do que hoje consideramos o inglês padrão, e contém também palavras de origem escandinava, francesa e gaélica. E tem, ainda, palavras únicas do escocês", explicou à AFP o escritor Hamish MacDonald. MacDonald é o primeiro a ocupar o cargo de escritor oficial de escocês recentemente criado pela Biblioteca Nacional da Escócia, e sua missão é ajudar a na difusão de sua fala.
Para este escritor, o ressurgimento do escocês "não aconteceu na noite pro dia e é a continuação de tendências pós-guerra, sintetizadas na inauguração do Festival de Edimburgo de 1947", um dos marcos culturais mais importantes do mundo. "As tradições e o patrimônio escocês, forças que levaram décadas para se firmarem e darem conta de que podem coexistir comodamente com o presente, encontraram seu lugar no mundo", concluiu.