A principal autoridade religiosa do Paquistão afirmou que a lei islâmica não obriga as mulheres a cobrir o rosto, as mãos ou os pés, uma declaração surpreendente, dado o caráter conservador da instituição.
O Conselho de Ideologia Islâmica (CII), criado em 1962 para informar o Parlamento do Paquistão sobre a compatibilidade das leis do país com a sharia, fez a declaração durante uma reunião na segunda-feira.
O presidente do CII, Muhamad Khan Sheerani, aconselhou, no entanto, as mulheres que "respeitem a moral e tenham uma atitude humilde em sociedade", afirmou um porta-voz da instituição à AFP.
O religioso também recomendou que mulheres "cubram os membros para evitar as ameaças ou ações mal-intencionadas".
A ativista dos direitos humanos Farzana Bari afirmou que a decisão do CII é "muito interessante".
"É um sinal positivo, o clero parece ter entendido que sua legitimidade estava sendo questionada e a decisão pretende melhorar sua imagem", disse.
Algumas decisões do CII, cujas recomendações não são vinculantes, receberam muitas críticas nos últimos anos.
Em 2014, o Conselho considerou, por exemplo, que a proibição do casamento entre crianças era incompatível com a lei islâmica, o que provocou a revolta dos grupos de defesa dos direitos humanos.