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Estado de Minas

Vaticano teme um complô para desacreditar o Papa


postado em 22/10/2015 12:40

Os rumores de que o Papa teria um tumor cerebral benigno levanta suspeitas sobre um complô destinado a desacreditar o pontífice, poucos dias antes do fim do sínodo dobre a família.

"O momento escolhido revela a intenção manipuladora do tumulto que foi causado", comentou o jornal do Vaticano, l'Osservatore Romano, sobre um artigo do Quotidiano Nazionale, no qual se afirma que o Papa teria um tumor cerebral benigno.

A informação, que a Santa Sé desmentiu em seguida, segue uma série de escândalos que provocam certo mal-estar no Vaticano, que por esses dias acolhe centenas de bispos de todo o mundo para abordar a situação da família.

O fato de um padre polonês, membro da Cúria, anunciar sua homossexualidade e apresentar seu namorado à imprensa também fez surgir rumores sobre as tendências gays de vários religiosos.

Dias depois, a divulgação de uma carta particular enviada ao Papa por um grupo de cardeais opostos a sua política de abertura fez lembrar o ambiente de intrigas que rodeou o escândalo "Vatileaks" em 2012, quando o mordomo do Papa Bento XVI revelou as ferozes disputas no seio da Cúria e as supostas fraudes cometidas pela administração vaticana.

Pouco antes, a revelação de um rápido encontro em Washington entre o Papa e Kim Davis, a funcionária de um cartório que virou símbolo dos opositores ao matrimônio homossexual, também levou alguns a falar em manipulação. Em compensação, também foi revelado que Francisco reservou em sua agenda um encontro com um antigo e querido amigo, declaramente gay.

Mais que um complô urgido por apenas um grupo, tudo isso mostra, principalmente, "um mal-estar mais heterogêneo e difuso", segundo o editor do Corriere della Sera, Massimo Franco.

Mais humano

O autor da suposta exclusiva sobre o tumor tentou plantar duvidas sobre as palavras e gestos do Papa, e fazer crer "que ele atua assim porque está 'doente', porque seu cérebro tem algo que não funciona", completou Franco.

"Parece que querem desacreditar o Papa Francisco", opinou uma das porta-vozes do sínodo, Romilda Ferrauto, após a divulgação do artigo sobre o tumor.

O cardeal Walter Kasper, da ala mais liberal do sínodo, denunciou na imprensa italiana "uma tosca tentativa de condicionar o trabalho" da assembleia, onde os esforços de abertura do Papa batem de frente com uma firme oposição dos prelados mais conservadores.

"Porém, não conseguiram. Ninguém vai conseguir manipular o Santo Padre nem com ajuda dos padres sinodais", que podem comprovar a boa saúde do Papa em cada sessão, explicou.

"Vemos o Papa todos os dias e asseguro que não há nenhuma impressão sobre ele estar doente. Está sempre em movimento, cheio de energia, quase podemos dizer que ele trabalha demais", insistiu.

Na quarta-feira, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, já havia feito declarações similares: "Se correrem atrás dele durante suas viagens, vocês saberão" que ele está em forma. "Tem alguns problemas na perna, mas parece que cabeça funciona perfeitamente", afirmou.

O diretor do Quotidiano Nazionale, Andrea Cangini, defendeu a informação publicada por seu jornal. "Nunca pensamos em iniciar uma campanha ou nos intrometer entre inimigos e partidários de Francisco. Apenas encontramos uma pista, a seguimos e escrevemos a verdade", afirmou ao jornal La Stampa.

"E este caso não vai debilitar a figura do Papa. A tornará ainda mais humana e próxima de nós", assegurou.


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