Quase 40% dos jogadores de futebol profissionais do Reino Unido têm cáries, o que nos casos mais graves pode afetar seus resultados em campo, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira.
A pesquisa, publicada no British Journal of Sports Medicine, revela que um em cada 20 desportistas sofre de enfermidades irreversíveis nas gengivas.
Embora os especialistas em saúde soubessem da má saúde buco-dental dos jogadores, eles tentaram no estudo determinar seu impacto eventual nos resultados desportivos.
Para isso, os pesquisadores examinaram 187 jogadores profissionais de oito clubes na Inglaterra e no País de Gales, com idade média de 24 anos (entre os 18 e os 39 anos).
Concretamente, cinco das equipes eram da Premier League (Primeira Divisão inglesa) - Hull, Manchester United, Southampton, Swansea City e West Ham -, outros dois da Championship (Segunda divisão) e o último, da League One (Terceira Divisão).
O cientista Ian Needleman, do Eastman Dental Institute de Londres e uma equipe de seis dentistas inspecionaram os dentes e as gengivas dos jogadores, aos quais perguntaram sobre o impacto de sua saúde dental na vida profissional e pessoal.
As análises revelaram dentes e gengivas em mau estado, apesar de quase três quartos dos jogadores afirmarem terem ido ao dentista no ano anterior.
Trinta e sete por cento tinham cáries e mais de 50%, erosão dental. Oito em cada dez jogadores sofriam de doença nas gengivas.
"Também encontramos jogadores com infecções nos dentes do siso, que podem ser muito dolorosas", informou Needleman à AFP.
No passado, vários jogadores da Premier League, entre eles o atacante do Arsenal Robin van Persie, disseram ter recuperado a forma física após a extração de dentes do siso.
Os "casos catastróficos" não tratados podem chegar a ter repercussões consideráveis, como parar de treinar ou não jogar uma partida, afirmou o cientista, para quem inclusive as pequenas infecções podem ser dolorosas e afetar o sono.
Quase a metade dos jogadores disse sentir que a dor nos dentes e nas gengivas "incomodava" e um quinto afirmou que afetava sua qualidade de vida.
Sete por cento dos jogadores consultados disseram que a má saúde buco-dental prejudicava seus resultados ou sua formação.
Apesar de os jogadores ingleses poderem cobrar importantes quantias, seu estado bucal é pior, na média, do que o restante dos jovens do Reino Unido, acrescentou o estudo.
Surpreendentemente, muito poucos contam com dentistas, embora "as equipes comecem a reconhecer que se trata de uma prioridade", diz Needleman, cujo estudo defende medidas eficazes urgentes para promover a saúde buco-dental no futebol profissional.
O estudo obteve resultados similares aos obtidos em outros estudos feitos no Brasil, na Espanha e nos Estados Unidos.