"Na Igreja há alguns que, ao invés de servir, de pensar nos demais (...) se servem da Igreja. São os arrivistas, os que estão apegados ao dinheiro. Quantos padres e bispos deste tipo já vimos? É triste dizer, não?", disse na homilia durante a missa matinal no Vaticano.
Dois livros publicados na quinta-feira em várias línguas revelaram, graças a documentos confidenciais, a gestão calamitosa das finanças vaticanas e o esbanjamento de alguns religiosos, instalados em apartamentos luxuosos. O papa prometeu recentemente a um de seus auxiliares, citado na edição desta sexta-feira do jornal italiano La Stampa, que a gestão do patrimônio imobiliário da Igreja "vai mudar". No entanto, advertiu Francisco ao jornal Straatnieuws, a Igreja não poderá abrir mão da maior parte de seu rico patrimônio imobiliário, que serve para apoiar as obras de caridade, nem de seus tesouros artísticos, que pertencem à "humanidade".
"Se amanhã eu dissesse que iríamos leiloar a Pietà de Michelangelo, não seria possível. Porque não pertence à Igreja. Está em uma igreja, mas pertence à humanidade. E isto vale para todos os tesouros da Igreja", explicou. "Começamos a vender os presentes e outras coisas que me dão", recordou o papa, que acaba de entregar quase 40 destes presentes por ocasião de um evento de caridade. Entre as peças estão um carro Lancia, e um Rolex. Em um tom mais mais leve, Francisco contou ao Straatnieuws que quando tinha quatro anos queria ser açougueiro e que não era muito bom no futebol com seus amigos em Buenos Aires.
"Eu era pequeno, tinha quatro anos e uma vez me perguntaram 'o que você gostaria de ser quando crescer?'. Eu disse: 'açougueiro!', como o do mercado em que eu fazia compras com a minha mãe e avó", contou. No futebol, revela, "os que jogavam como eu eram chamados de 'patadura', que significa ter dois pés esquerdos. Mas eu jogava e geralmente era goleiro". A última semana representou um desafio para o pontificado de Francisco, que teve questionado se teria um pulso firme necessário para enfrentar a corrupção interna da Santa Sé e promover reformas na Igreja católica. O predecessor de Francisco, Bento XVI, renunciou em fevereiro de 2013, desanimado, segundo vaticanistas, pela amplitude das reformas que eram necessárias ser feitas na Cúria.