Vários ataques em Paris no setor do Stade de France, no norte da cidade, deixaram na noite desta sexta-feira ao menos 39 mortos e uma tomada de reféns estava em curso na casa de shows Bataclan: o presidente François Hollande decretou estado de emergência na França após uma série de ataques feitos aos gritos de "Allahu Akbar".
"Ataques terroristas de uma amplitude sem precedentes estão ocorrendo em Paris. Há diversas dezenas de mortos (...) é um horror", disse Hollande, antes de anunciar que o estado de emergência seria decretado, as fronteiras fechadas e que os reforços militares seriam pedidos.
Os ataques, simultâneos em sete pontos diferentes, na caital e no perímetro do Stade de France, no norte de Paris, deixaram ao menos 39 mortos, segundo a polícia.
A polícia invadiu o Bataclan pouco após as 21h (de Brasília) na casa de shows do Bataclan, no centro da capital, onde espectadores foram feitos reféns.
Os atiradores da casa de shows Le Bataclan em Paris na noite desta sexta-feira atiraram contra a multidão gritando "Allahu Akbar" ("Deus é grande"), contou uma testemunha entrevistada pela rádio France Info.
"Com minha mãe nós conseguimos fugir do Bataclan (...), conseguimos evitar os tiros, havia muitas pessoas pelo chão", contou o jovem, chamado Louis. "Os homens chegaram e começaram a atirar no local da entrada", disse. "Eles atiraram contra a multidão gritando, com os fuzis em punho".
Os espectadores que assistiam ao amistoso no Stade de France foram convidados a deixar o estádio por três portas (norte, sul e oeste), segundo anúncios de altos-falantes e telões.
Por volta das 19h30 (de Brasília), a polícia fazia um balanço de "ao menos três tiroteios, talvez quatro na região do Bataclan (11º distrito) e na rua Charonne (10º distrito)", bairros movimentados do centro de Paris. Quinze pessoas morreram na casa de shows Bataclan, também no centro de Paris, onde há reféns.
O balanço "deve ser muito maior", segundo uma fonte ligada ao caso.
O presidente francês reuniu na noite desta sexta-feira a célula de crise no Ministério do Interior, ao lado do primeiro-ministro Manuel Valls e do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.
O presidente norte-americano Barack Obama foi informado sobre a série de ataques em Paris, informou um alto funcionário da Casa Branca.
"O presidente foi informado sobre a situação em Paris por Lisa Monaco, assistente presidencial para Segurança Interior e Contraterrorismo", disse o funcionário, que pediu anonimato.
O primeiro-ministro britânico David Cameron também se manifestou e declarou-se "chocado" pelos ataques na noite desta sexta.
"Estou chocado pelos eventos desta noite em Paris", escreveu Cameron em sua conta no Twitter. "Nossos pensamentos e preces estão com o povo francês. Faremos o possível para judar", disse Cameron.
O saldo destes ataques aparentemente "simultâneos" continua provisório, informaram diversas fontes ligadas ao caso. Inúmeras equipes de segurança foram enviadas ao local.
Estes ataques ocorrem dez meses após os atentados jihadistas de janeiro contra o jornal humorístico Charlie Hebdo e um supermercado judaico em Paris, que deixaram 17 mortos, e foram seguidos de diversos outros ataques ou tentativas.
A França está envolvida há mais de dois anos na coalizão anti-governo islâmico no Iraque, mas começou a fazer ataques contra o grupo Estado islâmico na Síria em outubro.
O país anunciou em 5 de novembro que iria enviar ao longo de dezembro no Golfo seu porta-aviões Charles de Gaulle, uma decisão que seguiu o anúncio americano de uma intensificação dos bombardeios aliados na Síria.