As capitais europeias se mobilizaram neste sábado para reforçar suas defesas contra o terrorismo e garantir a segurança de suas populações após os ataques realizados em Paris reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Em Londres, Berlim, Viena, Madri ou Roma, os chefes de Governo realizaram ou programaram reuniões de emergência, ao mesmo tempo em que expressaram a sua solidariedade para com a França e comprometeram-se em ajudar na luta contra o terrorismo.
Na maioria dos países, a segurança foi reforçada em torno das instituições e interesses franceses, enquanto a Bélgica apelou seus cidadãos a evitar viagens à França, onde os ataques de sexta-feira à noite mataram pelo menos 128 pessoas e fizeram 250 feridos.
O ministério das Relações Exteriores da Bélgica informou que ao menos dois belgas estão entre as vítimas dos ataques terroristas.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, presidiu neste sábado de manhã uma reunião de crise, "após os terríveis e repugnantes ataques terroristas em Paris", de acordo com a sua conta no Twitter.
Um alto funcionário da polícia de Londres anunciou o aumento das medidas de segurança.
O Foreign Office aconselhou cautela a seus cidadãos em locais públicos na França, enquanto o Eurostar propôs reembolsar os passageiros que desejarem cancelar sua viagem a Paris.
Temendo ataques como os que ocorreram em Paris, o Reino Unido, atingido em julho de 2005 por uma série de atentados a bomba que mataram 52 pessoas, realizou em junho o maior exercício anti-terrorismo já organizado em Londres.
'Somos todos a França'
A chanceler alemã Angela Merkel, a quem o presidente François Hollande telefonou neste sábado, como outros líderes, anunciou uma reunião ministerial.
"Vamos fazer de tudo para ajudar na caça aos autores e instigadores (dos ataques), e participar na luta conjunta contra estes terroristas" ao lado de França, prometeu.
Além disso, uma autoridade alemã afirmou haver "razões para acreditar" que o homem detido no sul da Alemanha na semana passada com armas automáticas e explosivos estava vinculado aos atentados de Paris.
"Há razões para acreditar que isto está possivelmente vinculado" aos atentados, disse o chefe de governo da região da Baviera, Horst Seehofer.
Em Viena, onde ocorre uma reunião internacional sobre a Síria, o governo deve reunir-se em sessão extraordinária no início desta tarde. Ele também reforçou as medidas de segurança, especialmente em torno das instituições francesas e internacionais.
A municipalidade de Viena adiou a inauguração do famoso mercado de Natal, que deveria acontecer neste sábado, e determinou o fechamento do Liceu francês, aonde estavam previstos exames.
O chefe do governo italiano, Matteo Renzi, anunciou uma intensificação dos controles em toda a península. "Como todos os italianos, eu sei que os terroristas não vão vencer. Que a liberdade é mais forte que a barbárie. Que a coragem é mais forte do que o medo", disse Renzi em um discurso solene de terno preto e gravata.
Renzi também presidirá uma reunião de segurança em Roma, que se prepara para receber milhões de católicos para o Jubileu.
"Hoje, somos todos a França", afirmou o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, antes de presidir no final da manhã um Conselho de Segurança Nacional em Madri, atingida por uma série de ataques contra trens em 2004, que mataram 191 pessoas.
Rajoy celebrou uma reunião de emergência reunindo altos funcionários dos serviços antiterroristas do país. Esta "comissão de avaliação da ameaça terrorista na Espanha" decidirá se vai aumentar ou não o alerta antiterrorista.
A Bélgica reforçou o controle de suas fronteiras em colaboração com a França, e o governo suíço mobilizou os seus serviços de segurança "em um estado de maior vigilância".
O premiê belga, Charles Michel, pediu aos seus concidadãos que evitem viajar a Paris, em declaração ao canal de TV pública RTBF, recomendação que permanecerá efetiva pelo menos durante este fim de semana, explicou um porta-voz do primeiro-ministro à AFP.
Em maio de 2014, um atacante abriu fogo no Museu Judaico de Bruxelas. Quatro pessoas morreram no ataque. O suposto assassino, o francês Mehdi Nemmouche, foi detido dias depois do ataque em Marselha (sul da França).
Em agosto passado, passageiros de um trem Thalys que ia de Amsterdam a Paris conseguiram desarmar Ayub El Jazzani quando este se preparava para iniciar um massacre.
A Polônia foi além e anunciou que não receberá mais refugiados, rompendo seus compromissos com a União Europeia (UE), anunciou o próximo ministro polonês de Assuntos Europeus, Konrad Szymanski.
"As decisões do Conselho Europeu, que nós tínhamos criticado, sobre a distribuição de refugiados e imigrantes entre os países da UE, continuando tendo força de lei na Europa", escreveu Szymanski no portal de direita Polityce.
"Mas depois dos trágicos acontecimentos de Paris, nos vemos na impossibilidade de respeitá-las", acrescentou.
Portugal reforçou, por sua vez, a segurança nos aeroportos e em torno dos interesses franceses.
Os governos holandês, sueco e de Luxemburgo também devem realizar reuniões extraordinárias em matéria de segurança.
Fora da União Europeia, a Rússia, também envolvida no conflito sírio, colocou em alerta "alto" seu sistema de segurança "à luz das novas ameaças."