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Estado de Minas

Noite de 'caos organizado' no setor de emergência em hospital parisiense


postado em 14/11/2015 16:07 / atualizado em 14/11/2015 16:24

O médico Clement Tournon viveu, no departamento de emergência em que trabalha, em Paris, uma noite de "caos organizado", em meio a voluntários, enfermeiros e médicos, além de feridos a bala pelos atentados. "Ligaram para mim às 22h30", declara à AFP, ele que tem 30 anos e trabalha no hospital Saint-Antoine.


"Avisaram que havia um 'plano branco'", isto é, uma série de medidas especiais para enfrentar a situação excepcional, que exige maior quantidade de funcionários e materiais do hospital, acrescenta. Este plano foi decretado para lidar com a chegada massiva de vítimas dos atentados que deixaram ao menos 128 mortos e 250 feridos em Paris e arredores.


No serviço de emergência, havia "muita, muita gente", conta Tournon, incluindo voluntários. Os médicos da emergência atendem aos feridos, que chegam por grupos. Trata-se, principalmente, de ferimentos a bala, durante os atentados ao restaurante parisiense Le Petit Cambodge e à casa de shows Bataclan, "uns quarenta" no total, explica.


A maioria apresentava "feridas nos membros, estilhaços de granadas". "Foi uma verdadeira medicina de guerra". Houve casos sem esperança. "Não creio que tenham chegado os casos mais graves, mas houve erros de orientação" dos pacientes nos distintos serviços, lamenta, já que o Saint-Antoine não é especializado no tratamento de politraumatismos, ao contrário de outros hospitais franceses.


"De fato, não estamos preparados, mas estamos organizados", disse. Com seus médicos internos, Tournon atendeu pessoalmente "sete ou oito pacientes" durante toda a noite, até cinco da manhã. Não se deixou levar pela emoção diante ao horror da situação: "É um momento um pouco particular quando você se concentra em seu trabalho. Senti um pouco de pânico, mas se controla. Em meio à ação, você esquece".


"Foi um dos poucos momentos em que, estranhamente, não senti estresse", prosseguiu. No que diz respeito a seus companheiros de trabalho, ninguém estava abatido, mas "alguns ficaram mais afetados que outros". Nas situações de crise, quando há bastante pessoal, os hospitais conseguem ir em frente, destaca.


"Os casos de emergência estão relativamente bem organizados diante da situação de exceção em que se encontram", acrescentou. "O que nos perturba são as ligações de parentes e amigos", disse. Como de costume, as pessoas próximas (às vítimas) nos marcam profundamente", contou. "Pode ser um ente querido com uma bala na cabeça, no peito, no tórax (...) Criam um estresse ainda maior em nós".


Sem dizer abertamente, deixa transparecer sua emoção quando fala de uma jovem, cujo companheiro provavelmente esteja morto. "Sua família veio me ver: 'o que fazemos com ela agora?'", perguntou.


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