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Neste sábado seria o encerramento do evento que Rafael participava, mas foi cancelado. Na quinta-feira, as atividades acabaram e muitos colegas dele decidiram ir ao Stade de France. “Eu e a minha mulher preferimos ir ao restaurante no Boulevard Voltaire, que fica a dez quadras da casa de espetáculo Bataclan, onde estava a maioria dos mortos.
Rafael conta que ele e a mulher haviam marcado encontro no restaurante com um brasileiro que mora há oito anos em Paris e que trabalhou como garçom no evento em que ele estava. “Ele escutou barulho de metralhadora quando entrava no restaurante. Minutos depois, começou uma grande movimentação de ambulâncias e de carros de polícia nas ruas. As pessoas foram orientadas a não sair do restaurante. Meu cunhado me mandou uma mensagem do Belo Horizonte preocupado com agente.
O jornalista Etiene Egg, de 35, que mora em Paris há três anos com a noiva, conta que por sorte resolveram ficar em casa na noite do atentando, vendo filmes. “Ouvimos muitas ambulâncias, helicópteros, carros de polícia durante toda a noite. As redes sociais foram os principais meios de comunicação para saber notícias dos amigos brasileiros ou de outras nacionalidades que também residem aqui. Pela manhã, tudo estava calmo, silencioso, estranho. Uma espécie de luto que foi quebrado apenas pelas conversas com os vizinhos e relatos incessantes dos informativos de TV sobre o ocorrido. É incrível a capacidade dos franceses, que são conhecidos pela frieza nas relações com estranhos, se transformarem ao ponto de abrir a própria casa para que as pessoas que estivessem nas ruas pudessem se abrigar de alguma forma até que tudo se acalmasse. É interessante também perceber que, apesar de estarem horrorizadas com tudo o que aconteceu, não se dão por vencidas”, relata o mineiro.
Segundo Etiene, os franceses compreendem que é um momento delicado, mas não aceitam se entregar ao medo e continuam indo para as ruas. “Os principais centros comerciais, mercados, monumentos e museus, entre outros locais de grande aglomeração, estão fechados. Os noticiários repercutem cada detalhe, principalmente a declaração do presidente de que esta foi uma ação de guerra e que a França e que os cidadãos franceses vão mostrar que são muito maiores do que tudo isso”, disse.
De acordo com o mineiro, o discurso é de união, apesar dos inevitáveis comentários que tratam de maneira preconceituosa a presença de imigrantes em território francês. “Mas isso fica abafado sob as discussões que realmente pretendem contribuir para a resolução do problema que vem gerando todo este medo e fazendo vítimas.
Outra mineira que ficou assustada é Fernanda Cristo, de 28, que é especialista em comunicação corporativa e mora em Paris. Na manhã deste sábado, ela precisou sair de casa para ir ao supermercado e percebeu que a rotina já começa a voltar ao normal. “As pessoas já saem às ruas. A minha sorte é que moro no sul de Paris, longe de onde tudo aconteceu”, disse.
Fernanda conta que viu pessoas saindo com crianças, em restaurantes, mas os cinemas, parques e museus permanecem fechados. “Mesmo assim, está todo mundo abalado. Hoje, uma amiga minha iria oferecer um jantar na casa dela e todo mundo desistiu de ir, mesmo porque o clima não está para festa. Acho que nem é por medo, não. É por tristeza, mesmo”, lamenta Fernanda. Ela conta que vários amigos brasileiros estavam bem próximos dos locais dos atentados. “Tenho uma amiga que estava dentro do estádio na hora da explosão”, comentou..