A investigação sobre os atentados jihadistas que, na sexta-feira, deixaram 129 mortos em Paris já permitiu identificar cinco terroristas e o indiciamento de duas pessoas, em meio a operações policiais de grande envergadura na França e Bélgica.
Segundo o presidente francês, François Hollande, os atentados foram "decididos na Síria" e "preparados na Bélgica, com cúmplices franceses".
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Três indivíduos se explodiram próximos ao Stade de France durante uma partida amistosa entre França e Alemanha. Um deles era Bilal Hadfi, um francês de 20 anos residente na Bélgica. Perto do corpo de outro suicida, foi encontrado um passaporte sírio no nome de Ahmad al Mohammad, 25 anos.
Essa operação gera indagações: por que os jihadistas ativaram seus explosivos nas imediações do estádio durante a partida, com a consequente morte de uma pessoa além deles, ao invés de escolher a saída do jogo, quando poderiam provocar um massacre?
Outros três jihadistas morreram no ataque à casa de shows Bataclan. Entre eles, figurava Samy Amimour, 28 anos, vindo dos arredores de Paris. Já foi acusado em um caso relacionado a atividades terroristas, depois de haver tentado viajar para o Iêmen, e tinha captura internacional recomendada, após ir à Síria há dois anos. Os investigadores se perguntam como conseguiu voltar à França sem ter sido notado. A polícia francesa interrogava três pessoas próximas a ele.
Outro integrante do atentado ao Bataclan foi identificado como Omar Ismail Mostefai, um francês de 29 anos.
Sete pessoas próximas dele foram interrogadas e dois deles acusados, nesta segunda-feira, por "atentado terrorista e participação em atividades de um grupo terrorista".
No terceiro comando, com toda a probabilidade que levaram a cabo execuções a sangue frio em cafés e restaurantes, foi identificado Brahim Abdelsam, um francês de 31 anos residente na Bélgica. Ele se explodiu na Boulevard Voltaire, leste da capital. Da mesma forma, não está claro o motivo pelo qual ele o fez em um lugar isolado.
A polícia francesa realizou, nesta segunda-feira, dezenas de investigações, especialmente em Bobigny, um subúrbio do norte de Paris, em busca de lugares em que poderiam ter se alojado alguns membros do grupo.
A base belga
A polícia está interessada nas atividades dos dois irmãos de Brahim Abdeslam. Um deles é Mohamed Abdeslam, que foi liberado em Bruxelas após ser submetido a um interrogatório. O segundo é Salah Abdeslam, 26 anos, com captura recomendada, mas que até agora segue foragido.
A polícia belga realizava, nesta segunda-feira, uma importante operação no bairro Molenbeek, de Bruxelas, considerado uma importante base dos jihadistas na Europa, onde se alojaram vários dos autores dos atentados de Paris.
A justiça belga incriminou, nesta segunda-feira, dois suspeitos por possível envolvimento nos ataques da capital francesa.
Conexão com a Síria
A atenção do serviço antiterrorista, especialmente na França e Bélgica, está voltada, desde 2012, aos jihadistas que transitam pela Síria, onde a organização Estado Islâmico (EI) controla grande parte do território.
Esse era o caso de Samy Amimour e provavelmente de Omar Mostefai, fichado como elemento radical em 2010 e que teria vivido na Síria entre 2013 e 2014. A mesma suspeita pesa sobre Bilal Hadfi, segundo uma fonte relacionada à investigação.
Teriam regressado à Europa com instruções precisas? E qual é o histórico de seus cúmplices?
Quanto ao passaporte sírio encontrado junto ao Stade de France, ainda é preciso verificar sua autenticidade.
Quem deu a ordem
Os investigadores se interessam igualmente nas atividades de Abdelhamid Abaoud, um belga de 28 anos, considerado o cérebro dos atentados frustrados em janeiro, na localidade belga de Verviers. Sua implicação nos atentados de Paris "é uma hipótese séria", acrescenta uma fonte próxima ao caso.
Abaoud, residente na Síria, poderia ser um membro fortemente ativo do EI. Viveu no bairro de Molenbeek e mantinha contato com ao menos um dos dois irmãos de Abdeslam.
Que cumplicidades?
Os autores dos atentados tinham armas, incluindo três fuzis de assalto kalashnikov encontrados, no domingo, com três carregadores cheios e onze vazios, em um carro Seat, nos arredores de Paris.
Os cinturões de explosivos foram fabricados por um técnico. Ele estaria entre os mortos? Os especialistas da luta antiterrorista não têm certeza.
Falhas na troca de informações
A cooperação entre os serviços de inteligência é um dos pontos fracos da luta antiterrorista na Europa e os jihadistas sabem disso: o EI recomendou a seus comandos europeus que atentassem a países vizinhos aos seus, onde há maior possibilidade de passarem despercebidos.
A investigação sobre o atentado frustrado no trem Thalys já havia tornado palpáveis essas falhas na troca de informações.
Segundo uma fonte próxima às investigações, Salah Abdeslam e Bilal Hadfi estavam instalados na Bélgica. Por que os franceses não sabiam? Perguntas similares são feitas sobre o regresso de Amimour da Síria.
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