Sete pessoas foram detidas em uma operação policial em Saint-Denis, no subúrbio de de Paris na caçada por suspeitos de participação nos atentados de sexta-feira. Três presos estavam dentro de um apartamento que foi cercado pelas forças de segurança. Duas pessoas morreram na ação, incluindo uma mulher bomba que explodiu seu colete.
Este é o primeiro caso de uma mulher-bomba na França, cinco dias depois dos mais graves atentados da história recente do país, que deixaram pelo menos 129 mortos e 350 feridos, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI). "Ela ativou o colete de explosivos no início da operação", disse a procuradoria de Paris, que confirmou apenas esta morte. Fontes policiais anunciaram a morte de outra pessoa.
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Os agentes chegaram a entrar em uma igreja em Saint-Denis, destruindo a porta de entrada do imóvel.
Detidos
Dos sete detidos, três foram capturados pela polícia no local cercado, outros dois em apartamentos vizinhos e dois nas imediações. Um deles, com idade por volta de 30 anos e que não revelou a identidade, disse à AFP que emprestou o apartamento porque um amigo solicitou, "como um favor".
"Um amigo me pediu para hospedar dois de seus amigos por alguns dias", disse à AFP antes de ser algemado e detido. "Ele disse que vinham da Bélgica, eu não sabia que eram terroristas. Disse que não tinha um colchão e respondeu: 'não importa, precisam apenas de água e rezar'", relatou.
Segundo uma de suas amigas, eles chegaram "há dois dias". As autoridades pediram aos moradores que evitem sair de suas casas. As escolas permanecerão fechadas, assim como os acessos ao metrô. Os serviços de ônibus e bondes também foram suspensos.
De acordo com uma fonte policial, o alvo da operação era o suposto cérebro dos atentados Abdelhamid Abaaoud, um jihadista belga de 28 anos e integrante do EI.
Salah Abdeslam, de 26 anos, suspeito de ser um dos terroristas que abriu fogo na sexta-feira contra vários cafés e restaurantes parisienses ao lado de seu irmão Brahim, que se matou ao detonar explosivos junto ao corpo, também está sendo procurado.
Com base em imagens de um vídeo, os investigadores acreditam que o Seat, um dos carros usados nos ataques, tinha uma pessoa a mais do que pensavam até o momento.
Este suspeito pode estar foragido, a menos que se trate de um dos dois supostos cúmplices dos ataques detidos no sábado em Bruxelas e indiciados pela justiça belga por "atentado terrorista".
Os dois homens detidos, Mohammed Amri, 27 anos, e Hamza Attou, 20, teriam ajudado Salah Abdeslam a fugir de Paris após os ataques.
Desta maneira, nove homens teriam participado nos atentados de sexta-feira: três homens-bomba na área do Stade de France em Saint-Denis, três na casa de espetáculos Bataclan e três que abriram fogo de forma indiscriminada contra bares e restaurantes. Ao menos três deles, Omar Ismail Mostefai, Samy Amimour e Bilal Hadfi, estiveram na Síria.
A polícia também busca informações sobre um dos terroristas do Stade de France, que teve a a foto divulgada na terça-feira à noite. Este homem passou pela Grécia e um passaporte sírio foi encontrado junto a seu corpo. O documento corresponde ao de um soldado do regime de Bashar al-Assad morto há alguns meses.
Coalizão com Washington e Moscou
A investigação também se concentra no jihadista francês Fabien Clain, 35 anos, atualmente na Síria, e que leu o texto de reivindicação do EI em uma gravação divulgada na internet.
Nesta quarta-feira, o governo francês apresentará as medidas antiterroristas decididas após os atentados. O conselho de ministros examinará o projeto de lei sobre a prorrogação do estado de emergência por três meses, que será votado na quinta-feira pela Assembleia Nacional e na sexta-feira pelo Senado.
Para organizar a resposta militar, o presidente François Hollande se reunirá em 24 de novembro com o colega americano Barak Obama em Washington e dois dias depois com o russo Vladimir Putin em Moscou. Ele tem a esperança de formar uma coalizão única para "destruir" o EI. (Com AFP)
Mapa mostra locais dos atentados em Paris:
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