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Estado de Minas

Macri promete governar para todos na Argentina e mercado oscila


postado em 23/11/2015 20:37

O presidente eleito da Argentina Mauricio Macri, um dirigente pró-mercado de direita, prometeu nesta segunda-feira "governar para absolutamente todos" em um país polarizado depois de 12 anos de governos kirchnerista de centro-esquerda, enquanto os mercados financeiros receberam com otimismo o resultado.

"A ideia é governar para absolutamente todos, tivemos muitos anos de enfrentamentos, com o foco nas dissidências, mas é muito mais o que nos une do que o que nos separa", disse em sua primeira coletiva de imprensa após o resultado da votação de domingo.

Macri venceu por menos de três pontos de diferença (51,40%) sobre o candidato do governo Daniel Scioli (48,40`%), com 99,17% das mesas apuradas. O jornal de esquerda Página 12 intitulou: "Um presidente, dois países".

Como sinal de mudança de tom, Macri quis destacar que após sua vitória a presidente Kirchner o parabenizou.

"Disse que estava contente de termos tido a maior eleição da história da Argentina. Me desejou a maior das sortes e mandou um beijo para a minha mulher", contou, confirmando que os dois se reunirão na terça-feira à noite na residência presidencial. "Estaremos lá", garantiu.

A bolsa de Buenos Aires, que aguardava os resultados eleitorais na terceira economia da América Latina, abriu em alta de 3%, mas depois reverteu a tendência e fechou em queda de 5,1%.

A estreita margem que Macri obteve no segundo turno, que poderia deixá-lo sem muito espaço para manobra, a tomada de lucros após fortes altas na semana passada e a obrigação dos bancos em se desfazer de ativos em dólares podem explicar a queda, segundo analistas.

Grande parte do Legislativo apoia a atual presidente Cristina Kirchner e Macri será obrigado a estabelecer alianças pelo menos até 2017, quando acontecerão eleições parlamentares.

A seu favor, o presidente eleito conta com a província de Buenos Aires, a de maior população, assim como três das cinco maiores províncias do país, que serão governadas por sua aliança de centro-direita 'Cambiemos'.

"Peço a Deus que me ilumine para poder ajudar cada argentino a encontrar sua forma de progredir. Eu estou aqui por vocês, assim peço, por favor, não me abandonem, sigamos juntos", disse Macri.

No dia 10 de dezembro, quando a presidente Cristina Kirchner entregar o poder, o país iniciará uma etapa inédita com um novo espaço político da direita.

Em quase um século, a Argentina não teve nenhum presidente eleito em votação livre e sem fraude que não fosse peronista ou 'radical' (social-democratas).

Em sua vida democrática, a Argentina apenas teve no poder a alternância entre o Partido Justicialista (PJ, peronista) e a UCR.

"Isto é história", disse Marcos Peña, chefe de campanha de Macri e um dos mentores do Pro (Propuesta Republicana), o partido do novo chefe de Estado, em meio aos aplausos dos simpatizantes ao vencedor da eleição.

Presidente e novos desafios

Macri, um engenheiro de 56 anos, que foi presidente do clube de futebol Boca Juniors, engenheiro de 56 anos, foi eleito para um mandato de quatro anos e na primeira metade do período será obrigado a estabelecer alianças no Congresso, onde o kirchnerismo tem maioria absoluta no Senado e é a primeira força na Câmara dos Deputados.

Como candidato, prometeu liberar o mercado de câmbios, estimular a iniciativa privada, reordenar o Estado, retomar vínculos abalados com as grandes potências desenvolvidas e resolver a questão da dívida em litígio judicial com fundos especulativos em Nova York.

Também antecipou que pedirá a aplicação da cláusula democrática e a suspensão da Venezuela do Mercosul por ter presos políticos, em sua opinião. Macri citou a detenção do político Leopoldo López, cuja esposa, Lilian Tintori, celebrou a vitória do opositor argentino.

Na sede da campanha de Macri o clima era de euforia com a vitória da aliança 'Cambiemos' (Mudemos), forjada com os radicais da UCR (social-democratas).

O presidente eleito vai suceder Cristina Kirchner, que governa o país desde 2007 e é viúva do falecido presidente Néstor Kirchner (2003-2007). A Argentina teve 12 anos de kirchnerismo no poder.

A presidente ligou para Macri para felicitá-lo e os dois concordaram com uma reunião na terça-feira na residência oficial de Olivos, segundo o canal C5N.

As comemorações dos simpatizantes de Macri chegaram ao tradicional Obelisco, no centro de Buenos Aires, enquanto poucos militantes kirchneristas permaneciam na Praça de Maio.

Nas redes sociais, a hashtag #Cambiemos dominou a noite de domingo, mas não apenas para celebrar a vitória e manifestar "esperanças".

"Os percentuais mostram um país fraturado. O ódio não é militância. Chegou o momento de que todos joguemos para o mesmo lado.#Cambiemos", escreveu no Twitter Victoriano Aizpurú, um reflexo de duas Argentinas que precisam de apenas um presidente.

Mercados instáveis

A Bolsa de Buenos Aires fechou em baixa nesta segunda-feira após uma sessão marcada pela instabilidade.

O índice Merval fechou em queda de 5,1%, depois de ter aberto com alta de 2,6% após a vitória do opositor liberal Mauricio Macri na eleição presidencial de domingo.

"Não vejo motivo, não condiz com as expectativas do resultado eleitoral", disse Mariano Peretti da consultoria Maxinver.

O Merval fechou em 13.448,67 pontos, e registrou 23 altas, 45 baixas e 13 papéis não sofreram mudanças.

O dia teve negociações no valor 534,3 milhões de pesos (55,1 milhões de dólares).


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