O modo como o mundo trata dos refugiados é uma indicação da "nossa humanidade" e da nossa solidariedade, considerou nesta sexta-feira o papa Francisco em Uganda, país onde elogiou o acolhimento "extraordinário" reservado aos refugiados nos últimos anos.
"Nosso mundo, em meio a tantas guerras, violência e diversas formas de injustiça, experimenta um movimento sem precedente de populações. O modo como tratamos essas pessoas é um teste de nossa humanidade, de nosso respeito pela dignidade humana e, sobretudo, de nossa solidariedade para com nossos irmãos e irmãs que necessitam", declarou Francisco, em seu primeiro discurso em Uganda, segunda etapa de seu giro pela África após o Quênia. "Aqui, na África do leste, Uganda tem feito um extraordinário trabalho com os refugiados, ajudando-os a reconstruir suas vidas dignamente", ressaltou, na presença do presidente Yoweri Museveni, pouco depois de sua chegada no aeroporto de Entebbe.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), Uganda abriga mais de 500.000 pessoas que fugiram de seus países, principalmente da violência e dos conflitos na República Democrática do Congo e Sudão do Sul. No Quênia, o pontífice discursou na igreja de São José Operário, administrada por jesuítas, no bairro pobre de Kangemi, em Nairóbi, onde vivem em condições precárias mais de 100.000 pessoas. Os fiéis o receberam com gritos e aplausos, músicas e danças, que Francisco respondeu com sorrisos e a distribuição de benção. "Como não denunciar as injustiças que sofrem? A atroz injustiça da marginalização urbana. São as feridas provocadas por minorias que concentram o poder, a riqueza e esbanjam com egoísmo, enquanto crescentes maiorias devem refugiar-se em periferias abandonadas, contaminadas, descartadas", disse Francisco.
O pontífice denunciou "novas formas de colonialismo" que relegam os países africanos a ser "peças de um mecanismo e de uma engrenagem gigantesca", que os submetem a pressões "para que adotem políticas de descarte, como a da redução da natalidade". Na mesma linha, o pontífice criticou "a falta de acesso às infraestruturas e serviços básicos, a injusta distribuição do solo (...) que leva em muitos casos famílias inteiras a pagar aluguéis abusivos por residências em condições nada adequadas" e o "monopólio de terras por parte de 'promotores privados' sem rosto, que até pretendem apropriar-se do pátio das escolas de seus filhos". "A hostilidade que sofrem os bairros populares se agrava quando a violência se generaliza e as organizações criminosas, a serviço de interesses econômicos ou políticos, utilizam crianças e jovens para seus negócios violentos", prosseguiu. Recordando o "direito sagrado aos 'três T', terra, teto e trabalho", o papa defendeu uma "respeitosa integração urbana". "Nem erradicação, nem paternalismo, nem indiferença, nem mera contenção", disse.
Depois que uma religiosa do bairro criticou o fato de apenas 4% do clero de Nairóbi trabalhar nos subúrbios pobres, que concentram metade da população da capital queniana, Francisco fez um apelo a favor do envolvimento de todos os cristãos. "A visita a Kangemi foi para o papa uma forma de ilustrar, de forma concreta, os males da megalópole africana, que já abordou ante as instituições da ONU na quinta-feira em um discurso sobre o meio ambiente", disse o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.
Mais tarde, o pontífice falou para dezenas de milhares de jovens no estádio de Kasarani, onde também foi recebido com entusiasmo. "Eu os convido a todos a lutar contra o tribalismo e dizer: somos uma nação!", afirmou Francisco. O pontífice argentino destacou também que a corrupção que gangrena o Quênia e muitos países africanos "é um caminho que não conduz à vida e sim à morte". "É como o açúcar, é doce, é fácil de gostar, mas nos come por dentro. E, no final, vocês ou seu país acabam diabéticos", explicou.
Ao chegar a Uganda, Francisco foi recebido com cantos e danças, em meio a uma grande multidão. O veterano presidente ugandense Yoweri Museveni, no poder desde 1986, afirmou sentir-se honrado por receber o papa Francisco, cuja "compaixão pelos pobres e franqueza de espírito constituem um estímulo para todos nós". "Gostaria que falasse da corrupção, que é excessiva em Uganda. Esperemos que nos ajude em uma mudança política. Ele tem de conversar com Museveni. Se um papa pode renunciar, por que não um presidente?", declarou Agnes Mubuya, de 55 anos.
As forças de segurança ugandesas serão mobilizadas em grande número ao longo do itinerário do papa, em um país que impediu recentemente vários planos de atentado dos jihadistas somalis. Assim como o Quênia, Uganda contribui com um contingente militar à força da União Africana na Somália (AMISOM), o que faz do país um alvo potencial dos islamitas somalis.
Quase 47% dos ugandeses, o que representa mais de 17 milhões de habitantes, são católicos. O país é um dos Estados africanos onde as instituições sociais da Igreja católica são mais ativas. No domingo, o papa viajará para Bangui, capital da República Centro-Africana, devastada desde 2013 por uma guerra civil com tons religiosos e a etapa mais perigosa da viagem.
"Nosso mundo, em meio a tantas guerras, violência e diversas formas de injustiça, experimenta um movimento sem precedente de populações. O modo como tratamos essas pessoas é um teste de nossa humanidade, de nosso respeito pela dignidade humana e, sobretudo, de nossa solidariedade para com nossos irmãos e irmãs que necessitam", declarou Francisco, em seu primeiro discurso em Uganda, segunda etapa de seu giro pela África após o Quênia. "Aqui, na África do leste, Uganda tem feito um extraordinário trabalho com os refugiados, ajudando-os a reconstruir suas vidas dignamente", ressaltou, na presença do presidente Yoweri Museveni, pouco depois de sua chegada no aeroporto de Entebbe.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), Uganda abriga mais de 500.000 pessoas que fugiram de seus países, principalmente da violência e dos conflitos na República Democrática do Congo e Sudão do Sul. No Quênia, o pontífice discursou na igreja de São José Operário, administrada por jesuítas, no bairro pobre de Kangemi, em Nairóbi, onde vivem em condições precárias mais de 100.000 pessoas. Os fiéis o receberam com gritos e aplausos, músicas e danças, que Francisco respondeu com sorrisos e a distribuição de benção. "Como não denunciar as injustiças que sofrem? A atroz injustiça da marginalização urbana. São as feridas provocadas por minorias que concentram o poder, a riqueza e esbanjam com egoísmo, enquanto crescentes maiorias devem refugiar-se em periferias abandonadas, contaminadas, descartadas", disse Francisco.
O pontífice denunciou "novas formas de colonialismo" que relegam os países africanos a ser "peças de um mecanismo e de uma engrenagem gigantesca", que os submetem a pressões "para que adotem políticas de descarte, como a da redução da natalidade". Na mesma linha, o pontífice criticou "a falta de acesso às infraestruturas e serviços básicos, a injusta distribuição do solo (...) que leva em muitos casos famílias inteiras a pagar aluguéis abusivos por residências em condições nada adequadas" e o "monopólio de terras por parte de 'promotores privados' sem rosto, que até pretendem apropriar-se do pátio das escolas de seus filhos". "A hostilidade que sofrem os bairros populares se agrava quando a violência se generaliza e as organizações criminosas, a serviço de interesses econômicos ou políticos, utilizam crianças e jovens para seus negócios violentos", prosseguiu. Recordando o "direito sagrado aos 'três T', terra, teto e trabalho", o papa defendeu uma "respeitosa integração urbana". "Nem erradicação, nem paternalismo, nem indiferença, nem mera contenção", disse.
Depois que uma religiosa do bairro criticou o fato de apenas 4% do clero de Nairóbi trabalhar nos subúrbios pobres, que concentram metade da população da capital queniana, Francisco fez um apelo a favor do envolvimento de todos os cristãos. "A visita a Kangemi foi para o papa uma forma de ilustrar, de forma concreta, os males da megalópole africana, que já abordou ante as instituições da ONU na quinta-feira em um discurso sobre o meio ambiente", disse o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.
Mais tarde, o pontífice falou para dezenas de milhares de jovens no estádio de Kasarani, onde também foi recebido com entusiasmo. "Eu os convido a todos a lutar contra o tribalismo e dizer: somos uma nação!", afirmou Francisco. O pontífice argentino destacou também que a corrupção que gangrena o Quênia e muitos países africanos "é um caminho que não conduz à vida e sim à morte". "É como o açúcar, é doce, é fácil de gostar, mas nos come por dentro. E, no final, vocês ou seu país acabam diabéticos", explicou.
Ao chegar a Uganda, Francisco foi recebido com cantos e danças, em meio a uma grande multidão. O veterano presidente ugandense Yoweri Museveni, no poder desde 1986, afirmou sentir-se honrado por receber o papa Francisco, cuja "compaixão pelos pobres e franqueza de espírito constituem um estímulo para todos nós". "Gostaria que falasse da corrupção, que é excessiva em Uganda. Esperemos que nos ajude em uma mudança política. Ele tem de conversar com Museveni. Se um papa pode renunciar, por que não um presidente?", declarou Agnes Mubuya, de 55 anos.
As forças de segurança ugandesas serão mobilizadas em grande número ao longo do itinerário do papa, em um país que impediu recentemente vários planos de atentado dos jihadistas somalis. Assim como o Quênia, Uganda contribui com um contingente militar à força da União Africana na Somália (AMISOM), o que faz do país um alvo potencial dos islamitas somalis.
Quase 47% dos ugandeses, o que representa mais de 17 milhões de habitantes, são católicos. O país é um dos Estados africanos onde as instituições sociais da Igreja católica são mais ativas. No domingo, o papa viajará para Bangui, capital da República Centro-Africana, devastada desde 2013 por uma guerra civil com tons religiosos e a etapa mais perigosa da viagem.