A presidente Dilma Rousseff discursou na manhã desta segunda-feira na conferência sobre o clima em Paris, a COP21, e falou sobre a tragédia em Mariana. Segundo a presidente, a "ação irresponsável de empresas na grande bacia hidrográfica do Rio Doce" provocou "o maior desastre ambiental da história do Brasil".
Dilma disse que o país irá punir os responsáveis pela tragédia e reagirá com medidas de redução de danos e apoio às populações atingidas. Além disso, a presidente disse que o Brasil trabalha na prevenção de novas ocorrências.
A lama que vazou da Barragem do Fundou provocou mortes de pessoas, árvores e animais, além de desabrigar famílias e barrar o abastecimento de água em várias cidades de Minas e do Espírito Santo. Nesta segunda-feira, o Estado de Minas ouviu o biólogo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor Ricardo Motta Pinto Coelho, que disse que a recuperação de áreas atingidas pela lama da Samarco pode durar até 30 anos.
“Se nada for feito para recuperar o meio ambiente, a recomposição da vegetação poderá demorar de 20 a 30 anos. Os efeitos, no entanto, são imprevisíveis para a natureza. Há necessidade de estudos continuados por alguns anos para que todos os impactos causados pelo desastre possam ser mais bem avaliados e medidas de mitigação ou de remediação tomadas com o tempo”, afirma
Problemas não são "alheios aos brasileiros"
A presidente Dilma ressaltou que problemas relativos às mudanças climáticas não são "alheios aos brasileiros". Segundo ela, o fenômeno do El Niño tem "golpeado com força" e que o país enfrenta secas no Nordeste e inundações no Sul e Sudeste.
"Estamos aqui em Paris para construir uma resposta conjunta que só será eficaz se for coletiva e justa", argumentou a presidente. "A melhor maneira de construir soluções comuns é a nossa união em torno de um acordo justo, universal e ambicioso que limite nesse século a elevação da temperatura média global a 2ºC."
Foi nesse momento que a brasileira defendeu que o acordo de Paris, que substituirá o Protocolo de Kyoto como grande marco legal da luta contra as mudanças climáticas, tenha caráter obrigatório.
"Devemos construir um acordo que seja também, e fundamentalmente, legalmente vinculante", afirmou. "O nosso acordo não pode ser um simples resumo das melhores intenções de todos. Ele definirá caminhos e compromissos que devemos percorrer para juntos vencermos o desafio planetário do aquecimento global". (Com Agência Estado)