Jornal Estado de Minas

Peça defeituosa do A320 provocou acidente da Air Asia na Indonésia

A queda do avião da Air Asia no mar de Java em dezembro do ano passado, que matou 162 pessoas, foi provocada por uma peça com defeito do Airbus A320-200 e pela reação dos pilotos, afirma o relatório final dos investigadores indonésios.

O A320-200 havia decolado da cidade indonésia de Surabaya para uma viagem até Cingapura. O avião desapareceu dos radares 30 minutos mais tarde, depois de ter solicitado um voo com mais altitude em consequência das condições meteorológicas difíceis.

Problemas reiterados provocados pelo sistema de controle do leme levaram os pilotos a desconectar o piloto automático quando o avião atravessava uma área com tempo ruim, antes de perder o controle do A320, anunciou o Comitê Nacional de Segurança dos Transportes.

De acordo com o relatório final, o piloto automático foi desconectado para que os sistemas de alerta fossem aplicados em consequência de uma fissura em uma soldadura do sistema que controla o leme.

O avião começou a perder estabilidade, após uma série de manobras dos pilotos para tentar reativar o sistema.

"As ações posteriores da tripulação fizeram com que o avião ficasse incontrolável", o que provocou uma "prolongada" perda de altura do avião, que não pôde ser ajustado, explica o relatório.

Além disso, houve uma falta de comunicação entre os pilotos, que adotaram iniciativas opostas, segundo o investigador Nurcahyo Utomo.

Utomo ressaltou que os pilotos do Airbus da Air Asia não tiveram a formação adequada para reagir ante uma forte desestabilização de uma aeronave, na medida que esse treinamento não foi recomendado pelo construtor.

A análise das caixas-pretas, encontradas em meio aos destroços do avião, mostrou que o Airbus realizou uma ascensão extremamente brutal, anormal para um avião comercial, antes da prolongada perda de altura e a queda no mar.

Entre as 162 pessoas a bordo do avião estavam 155 indonésios, o copiloto francês Rémi Plesel, três sul-coreanos, um britânico, um cingapuriano e um malaio.

Mais de 20 problemas em um ano

A construtora europeia Airbus anunciou que "forneceu às autoridades indonésias todo o apoio e análises técnicas solicitadas, e estuda o conteúdo do relatório e suas eventuais recomendações".

O registro da manutenção da Airbus menciona que o sistema de comando do leme (Rudder Travel Limiter) teve problemas 23 vezes nos 12 meses anteriores, segundo o relatório.

"As investigações revelam certa insuficiência no sistema de manutenção, o que conduziu à reiteração do problema não solucionado da peça defeituosa", completa o documento.

O relatório dos investigadores indonésios destaca ainda que as caixas-pretas não indicaram que as condições meteorológicas tenham afetado o avião.

O acidente aconteceu em uma área próxima à linha do Equador, onde convergem massas de ar quente e úmidas anticiclônicas, especialmente perigosa por sua grande instabilidade meteorológica.

Vários especialistas haviam apontado pouco depois do acidente semelhanças com outro, o do Airbus da Air France que voava entre Rio de Janeiro e Paris, e que caiu no Atlântico em m1º de junho de 2009, matando os 228 ocupantes.

A Indonésia tem um histórico muito ruim no que diz respeito à segurança aérea.

Em agosto, um avião comercial caiu nas montanhas de Papua e provocou a morte de 54 ocupantes.

No fim de junho, um avião da Força Aérea indonésia, que transportava parentes de militares e de civis, caiu em um bairro da cidade Medan, uma tragédia que matou 142 pessoas, incluindo 20 habitantes da localidade.

.