O FBI possui documentos que demonstrariam que o presidente demissionário, da Fifa, Joseph Blatter, tinha conhecimento das práticas de corrupção no caso ISL, que envolveu os brasileiros Ricardo Teixeira e João Havelange, revelou a BBC nesta segunda-feira.
A justiça americana suspeita que Havelange, antecessor de Blatter no cargo (1974-1998), e Teixeira, presidente da CBF de 1989 a 2012, receberam 92 milhões de euros da subornos da empresa de marketing esportivo ISL, para obter direitos de transmissão de várias competições.
De acordo com a emissora britânica, a justiça americana tem em sua posse uma carta escrita por Havelange, na qual o brasileiro afirma que Blatter tinha "completo conhecimento de todas as atividades", a respeito dos pagamentos da empresa, e "sempre foi informado" de tais pagamentos.
A BBC informou que tentou entrevistar Blatter, mas o dirigente se recusou, de acordo com a emissora britânica.
O suíço, que foi o braço direito de Havelange até suceder o brasileiro no comando da Fifa em 1998, alega que nunca teve conhecimento das práticas corruptas.
O presidente demissionário da Fifa enfrenta na Suíça um caso penal por "suspeitas de gestão desleal e abuso de confiança". Também está sendo investigado um pagamento de dois milhões de francos suíços que Blatter fez a Michel Platini, presidente da Uefa. Os dois estão suspensos por 90 dias.
Ambos serão ouvidos pela comissão de ética da Fifa "entre os dias 16 e 18 de dezembro", informou à AFP uma fonte próxima ao caso.
Na semana passada, a Fifa foi sacudida por mais um terremoto, com o iniciamento de 16 altos dirigentes pela justiça americana, entre eles Teixeira e o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que se licenciou do cargo.
Dois dos indiciados, presidentes da Concacaf e da Conmebol, Alfredo Hawit e Juan Angel Napout, foram detidos no mesmo hotel de luxo de Zurique onde foram presos outros sete cartolas em maio, quando o escândalo estourou, entre eles o também José Maria Marin, antecessor de Del Nero na presidência da CBF, que hoje cumpre prisão domiciliar em Nova York.
O nome de Blatter ainda não apareceu na investigação americana.