O papa Francisco deve continuar em 2016, com o mesmo ritmo dos três primeiros anos de seu pontificado, o programa de reformas do Vaticano, entre eventos do Jubileu, viagens para o México e Polônia, e recomendações sobre a família.
O calendário oficial papal revela que Jorge Bergoglio, que acaba de completar 79 anos e que, por vezes, mostra sinais de fadiga, não vai abrandar o ritmo.
O Papa argentino é esperado em fevereiro no México, segundo país da América Latina com o maior número de católicos, onde visitará vário locais e abordará diferentes problemáticas: povos indígenas, tráfico de drogas, imigração para os Estados Unidos.
Sua segunda viagem vai levá-lo em julho ao sul da Polônia, em Cracóvia, para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Ele deverá visitar o campo de extermínio nazista de Auschwitz.
Outras viagens não estão excluídas. Foram evocados, sem a confirmação, dois países europeus "periféricos": Kosovo e Armênia, onde o Papa poderia prestar homenagem ao povo armênio vítima de um genocídio em 1915-1916 sob o Império Otomano.
No entanto, as perspectivas de uma viagem à França em 2016 não são mais concretas do que um passeio em sua Argentina natal.
Na Itália, Jorge Bergoglio cancelou várias viagens por causa de sua agenda lotada. É esperado na sinagoga de Roma em 17 de janeiro.
- Reforma seguirá adiante -
Além disso, o pontífice dará prosseguimento a reforma da Cúria, o governo do Vaticano, um processo longo que encontra resistência e suscita preocupações.
"A reforma da Cúria vai avançar com determinação, clareza e resolução", advertiu o Papa durante seus votos anuais pronunciadas em 21 de dezembro, em uma atmosfera gelada, aos cardeais e bispos que trabalham no Vaticano.
Entre os principais projetos, dois grandes dicastérios (ministérios) deverão surgir: "leigos, família e vida" e "justiça, paz e migração". A reforma dos meios de comunicação do Vaticano deve progredir e as estruturas econômicas, particularmente delicadas, ser aprofundadas.
A reforma econômica e financeira já provoca grande rebuliço, acompanhado por temores de supressões de postos, apesar das garantias de que não haverá demissões.
O autoritarismo, as duras críticas, o caráter irascível e imprevisível do Papa, são muitas vezes lamentadas por uma Cúria que não se sente suficientemente consultada. Paradoxalmente, um dos Papas menos amados no Vaticano continua a gozar de enorme popularidade entre os crentes e não crentes.
Também muito aguardado pelos católicos é a "Exortação apostólica" sobre a família, as recomendações que o Papa deverá lançar em fevereiro, depois de dois sínodos sucessivos sobre o tema, em outubro de 2014 e outubro de 2015.
O exercício será difícil, dado o antagonismo de duas correntes minoritárias, conservadora e progressista, que discordam sobre questões como o acesso aos sacramentos aos divorciados novamente casados.
Este documento deve, portanto, ser prudente, para evitar o cisma, mas o Papa, favorável a uma posição benevolente com aqueles que não estão "de acordo com a lei", deverá atender a certas expectativas.
O "Jubileu de misericórdia", ou Ano Santo, que começou em 8 de dezembro e que terminará em 20 de novembro, vai ocupar muito de seu tempo.
Além do Angelus de domingo e das audiências gerais de quarta-feira na Praça de São Pedro, o Papa vai inaugurar uma nova série de audiências, um sábado de cada mês.
Jubileus individuais serão consagrados, incluindo o muito esperado dedicado aos beneficentes, em 4 de setembro, quando muito provavelmente ocorrerá a canonização de Madre Teresa, uma freira que dedicou sua vida aos pobres na Índia e em todo o mundo.
Finalmente, em 2016 sairá o veredicto do julgamento do "Vatileaks 2", onde cinco pessoas - incluindo dois jornalistas - são julgados pela publicação de documentos confidenciais sobre as disfunções das finanças do pequeno Estado.
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