Há um ano, exatamente às 11h30 (horário local) do dia 7 de janeiro de 2015, os irmãos Said e Chérif Kouachi davam início a um dos períodos mais aterrorizantes da história moderna de Paris e da França.
Armados com metralhadores, eles invadiram a redação do jornal satírico ''Charlie Hebdo'', já alvo de ameaças anteriores por ter publicado charges do profeta Maomé, e assassinaram 11 pessoas, incluindo alguns dos principais cartunistas da publicação, como o editor-chefe Charb.
Ao deixarem o prédio, os Kouachi ainda mataram a sangue frio um policial muçulmano, Ahmed Merabet, que estava deitado ferido na calçada. Os disparos perpetrados por Said e Chérif instauraram um clima de terror na capital francesa, que se abrandaria ao longo do ano, antes de ser retomado com toda a força nos atentados de 13 de novembro, que tiraram a vida de 130 pessoas.
Dois dias depois do ataque ao ''Charlie Hebdo'', outro jihadista, Amédy Coulibaly, sequestrou um mercado kosher na "cidade luz" e matou quatro indivíduos. Antes disso, ele já havia assassinado uma policial durante uma troca de tiros. O saldo daqueles três dias de tensão em Paris foi de 18 vítimas fatais, sem contar os terroristas, todos mortos pela polícia.
Na última segunda-feira (4), o jornal lançou uma edição especial lembrando o aniversário de um ano do dia mais trágico de sua história. A capa do número de 32 páginas traz uma caricatura de Deus como um assassino, um fuzil nas costas e as mãos cheias de sangue. Acima, a manchete: ''Um ano depois, o assassino continua solto''.
No dia seguinte, o presidente da França, François Hollande, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, inauguraram uma placa em memória das vítimas do atentado contra a publicação. Durante o ato, foram depositadas flores e as pessoas presentes fizeram um minuto de silêncio.
A partir da noite desta quarta (6), o Ministério da Cultura começou a veicular em todas as emissoras e em diversos cinemas do país um anúncio para celebrar a liberdade de expressão. A peça tem um minuto e meio e foi elaborada pelo cineasta Radu Mihaileanu, que apresenta desenhos de crianças e adolescentes dedicados aos valores da República (liberdade, igualdade, fraternidade) e da laicidade e com a hashtag #JeSuisCharlie (''Eu sou Charlie''). O comercial termina com a voz de um menino, que diz: ''Adoro desenhar, então continuarei desenhando''.
''No primeiro aniversário do horrível ataque terrorista que atingiu a redação do 'Charlie Hebdo', assim como outros lugares da capital francesa, desejo renovar às famílias das vítimas e a todos os cidadãos franceses a minha mais sincera solidariedade, junto àquela de todo o povo italiano'', declarou o presidente da Itália, Sergio Mattarella, em mensagem enviada a Hollande.(ANSA)