O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair aconselhou o líder líbio Muamar Khadafi a buscar um "local seguro" porque a situação acabaria mal, segundo a transcrição de conversas divulgadas nesta quinta-feira.
"Se você tem um local seguro, deveria ir para lá porque isto não acabará pacificamente", disse Blair a Khadafi em 25 de fevereiro de 2011, pouco depois do início de uma revolta contra o regime líbio, em plena primavera árabe, e meses antes da morte do ditador nas mãos de rebeldes, em outubro.
As transcrições foram cedidas pelo próprio Blair ao comitê parlamentar das Relações Exteriores que investiga o colapso da Líbia e o papel britânico na crise, e publicadas por este grupo.
Os dois dirigentes conversaram por telefone em duas ocasiões com poucas horas de intervalo. Em ambas Khadafi minimizou a crise e reiterou que estava enfrentando a Al-Qaeda. Blair, que já era ex-premier, pediu que o líbio garantisse a paz para que a comunidade internacional pudesse ajudar a buscar uma solução negociada.
"Tem que acontecer um processo de mudança, este processo de mudança pode ser administrado e temos que encontrar uma maneira de administrá-lo", disse Blair, que conversou com Khadafi em caráter privado.
O líder líbio respondeu com irritação à insistência de Blair, mencionando um ato de "colonização", e alertou para os perigos de uma intervenção estrangeira na Líbia: "Morrerão líbios, acontecerão danos no Mediterrâneo, Europa e em todo o mundo".
"Aqui não há nenhum banho de sangue, está tudo muito tranquilo, mas se querem tomar a Líbia, estamos dispostos a lutar, será como o Iraque", afirmou o Khadafi, que convidou Blair a visitar o país para comprovar que seu regime não estava atacando a população.