Os islamitas somalis shebab, vinculados à Al-Qaeda, atacaram nesta sexta-feira um acampamento da força da União Africana (UA) no sul da Somália e, segundo testemunhas, provocaram várias mortes.
"Esta manhã, o grupo terrorista al-shebab atacou um campo da Amisom em El-Adde na Somália (...) controlado pela Forças de defesa do Quênia", anunciou nesta sexta-feira à noite o presidente queniano, Uhuru Kenyatta, em um comunicado.
"Alguns de nossos patriotas pagaram com suas vidas", admitiu, sem fornecer nenhum balanço de vítimas.
No final da tarde, a Amisom indicou em um comunicado que "condena firmemente" o ataque lançado na madrugada em El-Adde, na região de Gedo, na fronteira com o Quênia e a Etiópia.
"Há vítimas fatais e feridos (...) e as informações sobre o que aconteceu estão sendo verificadas", acrescentou sem mais detalhes.
Antes, A Missão da União Africana na Somália confirmou o ataque no Twitter.
"Os shebab iniciaram uma ofensiva contra uma base militar em El-Adde na qual estavam tropas quenianas da Amisom e outras somalis do incipiente exército nacional" (SNA), declarou à AFP o coronel Idris Ahmed.
"Os combates intensos provocaram baixas, mas no momento não temos detalhes", completou.
Um homem-bomba detonou sua carga de explosivos antes que os islamitas iniciassem o ataque.
"Parece que entraram na base", disse Ahmed.
Os shebab anunciaram a morte de 63 soldados quenianos e a tomada de controle da base. Não foi possível verificar a informação com uma fonte independente.
Os combatentes shebab são conhecidos por exagerar os balanços de seus ataques e a Amisom não tem o hábito de revelar o número exato de baixas e de feridos entre seus militares.
"Os mujahedines executaram uma operação com sucesso esta manhã em uma base militar de El-Ade e mataram muitos soldados cristãos do Quênia. Contamos 63 corpos", afirmou um porta-voz dos shebab, Sheikh Abdulaziz Abu Musab.
O porta-voz do exército queniano, coronel David Obonyo, afirmou que os shebab assumiram o controle de um acampamento do SNA próximo ao das tropas quenianas da Amisom.
"Invadiram o acampamento do SNA e as tropas quenianas contra-atacaram em apoio ao SNA. Os combates continuam e o balanço de vítimas é desconhecido", afirmou em um comunicado.
De acordo com Husein Adam, líder comunitário de um vilarejo próximo, "aconteceu uma forte explosão, seguida por tiroteios. Durou 45 minutos, antes que os combatentes shebab controlassem o acampamento de soldados quenianos".
"Não sabemos quantas vítimas o ataque provocou, mas as pessoas que seguiram para o local viram muitos corpos", declarou Adam à AFP, por telefone, de Mogadíscio.
Este foi o terceiro ataque do tipo contra uma base da Amisom no sul da Somália nos últimos seis meses.
Os shebab, à frente de uma insurreição armada desde 2007, foram expulsos em 2011 de Mogadíscio e posteriormente de quase todos os seus redutos do sul e centro do país, mas conservam o controle de algumas zonas rurais.
Após várias derrotas, os insurgentes abandonaram o combate convencional e passaram a priorizar as ações de guerrilha e atentados suicidas, sobretudo na capital somali.
A Somália não tem um Estado central desde a queda em 1991 do autocrata Siad Barre, o que deixou o país em um cenário de caos, nas mãos de milícias, criminosos e grupos islamitas.
A comunidade internacional tenta estabelecer um Estado central, mas a insegurança reinante impossibilita a organização das eleições por voto universal previstas para 2016, que seriam as primeiras em mais de 40 anos.