Parlamento venezuelano convoca ministros para explicar emergência econômica

AFP

A maioria opositora no Parlamento venezuelano anunciou nesta terça-feira que convocará vários funcionários do governo para que expliquem o alcance do decreto de emergência econômica, o qual requer sua aprovação e sobre o qual a oposição tem várias objeções.

Os ministros de Alimentação e Finanças, o presidente do Banco Central e o presidente da petroleira PDVSA, entre outros, serão citados para comparecer à Casa, disse à imprensa José Guerra, titular da comissão legislativa que estuda a declaração de emergência anunciada na última sexta-feira pelo presidente Nicolás Maduro.

"A comissão vai convidar para que compareçam todos os que têm a ver com a área econômica e nos expliquem qual é a verdadeira situação", declarou o deputado.

Guerra questionou aspectos do decreto, como a fixação de limites para o ingresso e para a saída de moeda local em espécie e a possibilidade de dispor de bens do setor privado para garantir o abastecimento de produtos básicos.

Ele também criticou que o governo possa realizar mudanças no orçamento aprovado pela legislatura anterior - de maioria chavista - e reivindicou explicações sobre o destino dos milionários recursos obtidos pelo país durante a recente bonança petroleira.

"Se não vão expropriar ninguém (como garantiu o ministro da Indústria e do Comércio, Miguel Pérez Abad), tirem isso do decreto para que não crie incerteza", sugeriu Guerra.

O economista declarou que a Venezuela "não tem um dólar poupado" e enfrenta "restrições por todos os lados".

"São coisas que esse decreto tem de contemplar", frisou.

Com um modelo estatista, a Venezuela enfrenta uma crise econômica agravada pela abrupta queda dos preços do petróleo e que se reflete em uma contração de 4,5% e inflação de 108,7% entre janeiro e setembro de 2015 (oficial), assim como em um déficit de 20% do PIB, de acordo com estimativas privadas.

Admitindo que a situação é "catastrófica", Maduro decretou a emergência por 60 dias e entregou o texto ao Parlamento.

O presidente pediu apoio ao Legislativo, ao apresentar sua prestação de contas anual, na última sexta.

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