França promete atacar ainda mais o Estado Islâmico após vídeo de ameaças

Grupo publicou vídeo dos autores dos atentados. Em novembro, 130 pessoas morreram em Paris

AFP
O belga Abdelhamid Abaaoud, o provável mentor dos atentados de Paris aparece em vídeo do Estado Islâmico - Foto: Reprodução/ Twitter/ Rita Katz

A França está decidida a atingir ainda mais o grupo Estado Islâmico após a difusão de um novo vídeo com ameaças. "Jamais nos deixaremos impressionar", afirmou o presidente François Hollande em coletiva de imprensa em Nova Délhi, onde França e Índia publicaram uma declaração conjunta sobre a luta terrorista.

"Sabemos quem nos atingiu, o Daesh, que, além de reivindicar seus crimes, exibe os autores desses atos, desses assassinatos, e difundo imagens atrozes", afirmou, usando o acrônimo em árabe da organização.

O EI postou na véspera vídeo, no qual afirma apresentar os nove autores dos atentados que deixaram 130 mortos em Paris em 13 de novembro do ano passado. Na gravação, o EI ameaça todos os países da "coalizão", sobretudo a Grã-Bretanha.

Segundo o vídeo, intitulado "Mate-os onde quer que os encontre", os envolvidos são quatro belgas, três franceses e dois iraquianos. Publicado pelo braço midiático do EI, o Centro de Mídia Al Hayat, as imagens mostram os supostos autores cometendo atrocidades, como decapitações e execuções à queima-roupa de pessoas apresentadas como reféns.

Expressando-se em árabe e em francês, vários deles dizem que "a mensagem é dirigida a todos os países que participam da coalizão" liderada pelos Estados Unidos. Desde setembro de 2014, estas nações intervêm contra o EI na Síria e no Iraque.

O vídeo também mostra um retrato do primeiro-ministro britânico, David Cameron, acompanhado de uma legenda em inglês que diz: "quem quer que se alinhe com os infiéis será alvo das nossas espadas".

Além disso, os nove membros são descritos como "leões", que "puseram a França de joelhos". Entre as imagens, há passagens dos atentados de Paris e das operações da Segurança francesa após os ataques.

Hollande afirmou ainda que "nenhuma ameaça fará a França hesitar", em uma resposta à divulgação do vídeo. "Nada nos assustará, nenhuma ameaça fará a França hesitar sobre o que deve fazer no combate ao terrorismo", disse o chefe de Estado à imprensa durante uma visita oficial à Índia.

"Estas imagens não fazem mais do que desqualificar os autores dos crimes", afirmou. "Se adotei medidas para prorrogar o estado de emergência é porque sei que existe a ameaça e não vamos ceder em nada, nem nos meios de defender nosso país, nem nas liberdades", completou Hollande.

O EI reivindicou em 14 de novembro os atentados que deixaram 130 mortos e centenas de feridos na capital francesa.
Oito autores dos atentados foram identificados pela polícia, que até agora não conseguiu determinar os nomes de dois homens-bomba do Stade de France que usavam passaportes sírios falsos.

O grupo jihadista os apresenta, com seus nomes de guerra, como dois iraquianos. O vídeo faz referência à participação de Salah Abdeslam, foragido, que a polícia acredita ter dirigido os homens-bomba do Stade de France e que talvez tenha desistido de cometer um atentado no distrito 18 de Paris.

Na última edição de sua revista de propaganda, publicada em 19 de janeiro, o EI apresentou os nove jihadistas de 13 de novembro. O grupo, que desde junho de 2014 assumiu o controle de grandes faixas territoriais no Iraque e na Síria, documenta sistematicamente suas execuções e ataques com vídeos e uma profusão de imagens para sustentar sua propaganda.

O grupo é alvo há vários meses de uma pressão militar e busca projetar agora, segundo analistas, uma imagem de poder, apesar de sua produção midiática ter, na realidade, diminuído..