O francês Jerome Champagne, candidato à presidência da Fifa, lamentou nesta quarta-feira o cancelamento de um debate com outros aspirantes ao cargo, depois que quatro de seus adversários resolveram não viajar a Bruxelas.
Deputados do Parlamento Europeu, liderados pelo belga Ivo Belet, criticaram duramente o xeque Salman, do Bahrein, o suíço Gianni Infantino, o príncipe jordaniano Ali e o empresário Tokyo Sexwale por se recusarem de última hora a participar do debate.
"A velha Fifa segue viva num momento em que precisamos mais do que nunca de transparência", lamentou Belet, enquanto Champagne constatou que os outros candidatos "sempre têm uma desculpa para não debater".
"É uma pena, porque precisamos de um diálogo verdadeiro", continuou. "As emissoras ESPN e BBC tentaram organizar um debate, em vão. Sempre havia um conflito de calendário para um ou outro candidato".
"Eu não tenho nada a esconder e um debate teria permitido estabelecer um laço" com as autoridades, declarou Jerome Champagne, a menos de um mês das eleições.
O francês acredita que poderia ganhar as eleições, já que agora "há uma autêntica vontade de mudança".
Contudo, Champagne, que a principio teria muito menos apoio que Salman e Infantino, os dois principais favoritos, não quis arriscar um prognóstico.
O movimento batizado de 'New Fifa Now', criado pelo parlamentar britânico Damian Collins, e que reune personalidade mundiais de diferentes áreas, havia convidado os cinco candidatos a explicar suas propostas de governo em relação ao futuro da Fifa na quarta-feira, no Parlamento Europeu.
A audiência precisou ser cancelada 24 horas antes, já que Champagne foi o único a confirmar presença.
"É mais um gol contra da Fifa", lamentou Collins.
- Apoio à África -
Champagne, ex-diplomata e ex-secretário-geral adjunto da Fifa, explicou brevemente seus objetivos caso seja eleito em 26 de fevereiro: "A transparência, a redução das desigualdades, um melhor governo, separando as atividades comerciais da Fifa e suas responsabilidades de organização".
Para alcançar maior transparência, Champagne defende que o salário do presidente da Fifa se torne informação pública.
Também insistiu na necessidade de ajudar o futebol africano.
"Faz falta um programa de apoio financeiro para as federações em dificuldades. Os clubes mais ricos do mundo ganham centenas de milhões (de euros), enquanto algumas federações precisam sobreviver com poucos milhões. Não é normal", declarou.
Champagne propôs também instaurar cotas "para que mais mulheres estejam presentes nos órgãos de decisão da Fifa".
As 209 federações nacionais membros da Fifa, entidade sacudida há meses por um enorme escândalo de corrupção, elegerão o sucessor de Joseph Blatter no Congresso Extraordinário de 26 de fevereiro, em Zurique, na Suíça.