Os índices se acumulam sobre o papel desempenhado pelo zika vírus no desenvolvimento de microcefalia em bebês nascidos de mulheres infectadas - dois novos estudos mostram sua presença no cérebro de fetos com esta malformação do crânio.
Em um estudo publicado nesta quinta-feira pela revista especializada New England Journal of Medicine, investigadores eslovenos afirmam ter identificado zika no tecido cerebral do feto de uma mulher que retornou no ano passado do Brasil, onde ela contraiu o vírus.
As descobertas dos pesquisadores eslovenos se apoiam em três meses de trabalhos efetuados a partir da autópsia do feto.
Este estudo destaca "uma presença significativa do vírus no tecido cerebral, na ausência de qualquer outra causa" de malformação, ressaltaram a Faculdade de Medicina e o hospital de Liubliana, em comunicado.
Transmitido por um mosquito e responsável por um grande surto na América Latina, o zika vírus é fortemente suspeito de causar graves malformações congênitas em fetos, incluindo a microcefalia - mas nenhuma evidência científica incontestável foi apresentada até agora.
Na quarta-feira, o Centro de Controle de Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos anunciou que o vírus foi encontrado nos cérebros de dois bebês que morreram de microcefalia no Brasil logo após o nascimento e de dois fetos, portadores da mesma condição.
"Este relatório documenta a existência de uma ligação entre a infecção com o zika vírus e a microcefalia", observou o CDC.
Em seu estudo, os pesquisadores eslovenos relatam uma "localização possível" do vírus nos neurônios. "Os danos ocasionados podem ter parado o desenvolvimento do córtex cerebral na idade embrionária de 20 semanas", explicaram, embora reconhecendo que o mecanismo envolvido "ainda não está claro".
A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse na semana passada que a explosão de casos de malformações é "uma emergência de saúde pública de alcance global".
O Brasil é hoje o país mais afetado no mundo pela eclosão do zika, com mais de 1,5 milhões de pacientes, seguido pela Colômbia.
Atualmente não existe vacina nem tratamento contra o vírus, o que provoca uma grande mobilização do mundo científico.