Representantes de 60.000 inuítes do Canadá vão se reunir a partir de sexta-feira em Ottawa para estudar a adoção de um alfabeto único - já que este povo do Ártico, estabelecido em quatro fusos-horários, usa atualmente nova escritas diferentes.
Os moradores do "grande norte" lutam desde setembro passado pela oportunidade de padronizar a escrita do inuktitut, seguindo as recomendações de um relatório de 2011 sobre a melhoria da educação dos inuítes.
"Os inuítes têm uma cultura e uma sociedade universal e nossa língua tem uma base comum, mas diferentes dialetos podem fazer o entendimento comum difícil", disse à AFP Natan Obed, diretor oficial do Inuit Tapiriit Kanatami, organização que representa os inuítes do Canadá.
De uma comunidade inuíte para outra, "nos entendemos, mas com limites", disse Obed.
Estabelecer um alfabeto único vai ajudar a revitalizar o inuktitut em torno de uma mesma base, acredita. Esta língua, e suas variantes, é falada no Alaska, na Gronelândia e na Rússia.
Estes esforços linguísticos terão um impacto positivo sobre a educação, a cultura, a governança e a economia do Ártico, espera o líder inuíte.
O Inuktitut se dividiu em dialetos diferentes no Canadá há vários séculos, na medida em que as comunidades inuítes prosperaram afastadas umas das outra no Norte.
A chegada de missionários católicos acentuou as disparidades linguísticas, já que desenvolveram várias formas de escrita ao converter os nativos.
Em alguns casos, foi adotado o alfabeto latino, em outros um novo alfabeto foi desenvolvido: o silabário inuktitut, que consiste em formas triangulares, círculos, pontos e traços.
Os contatos com os baleeiros e caçadores em busca de peles, também tiveram um impacto sobre os dialetos inuítes.
A questão de um alfabeto único continua controversa, já que "os inuítes não tinham sistema de escrita antes da chegada dos europeus", explicou Obed.
O trabalho sobre a padronização do inuktitut deve terminar em 2017.