O mercado petroleiro, afetado por um excesso de oferta, começará a voltar ao equilíbrio a partir de 2017, com uma gradual alta de preços, indicou nesta segunda-feira a Agência Internacional de Energia (AIE).
Em 2014 e 2015, a oferta superou amplamente a demanda, com excedentes que foram respectivamente de 0,9 e 2 milhões de barris diários (mbd). Ainda terá excedentes (+1,1 mbd) em 2016.
"Apenas em 2017 observaremos finalmente um alinhamento entre oferta e demanda, mas as enormes reservas de petróleo desacelerarão o ritmo de recuperação dos preços", afirma a AIE em um comunicado.
A produção de petróleo deverá aumentar em 4,1 mbd entre 2015 e 2021, graças, sobretudo, ao Irã e aos Estados Unidos. Mas isso representa um forte freio se comparado ao aumento da produção em 11 mbd registrada entre 2009 e 2015.
Esta desaceleração é provocada pela queda dos investimentos no setor, consequência do atual retrocesso das cotações do petróleo.
Os preços caíram 70% desde meados de 2014, e agora estão em torno de 30 dólares o barril, precisamente devido a esse excesso de oferta.
A oferta abundante se deve à guerra por fatias de mercado entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e os Estados Unidos, com seu petróleo de xisto.
- Esperança frustrada -
A esperança de uma redução da produção elevou um pouco os preços do petróleo na semana passada, após o anúncio feito por Arábia Saudita e Rússia -os dois principais produtores mundiais de petróleo- de que estão dispostos a congelar suas ofertas nos níveis de janeiro, se os outros grandes produtores fizerem o mesmo.
"Devemos ressaltar que as condições atuais do mercado petroleiro nos fazem pensar que os preços poderão se recuperar com força em um futuro imediato, a menos que haja um acontecimento geopolítico de grande importância", indica a AIE, o braço energético da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
"Constatamos hoje uma abundância dos recursos no subsolo, mas também importantes inovações técnicas que permitem às companhias comercializar o petróleo", acrescenta a AIE.
A agência, baseada em Paris, alerta, contudo, que um aumento brusco dos preços não pode ser excluído em caso de os investimentos serem insuficientes para manter a futura produção.
Os investimentos em exploração e produção vão cair pelo segundo ano consecutivo em 2016, algo que jamais aconteceu desde o 'contra-choque' petroleiro de 1986: depois de ter caído 24% no ano passado, esses investimentos voltarão a diminuir em 17% neste ano.