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Estado de Minas

Morales enfrenta possível derrota política e diz que respeitará resultados


postado em 23/02/2016 00:25

O presidente da Bolívia, Evo Morales, garantiu que vai respeitar os resultados do referendo de domingo, enquanto números preliminares sinalizam para a derrota sobre a reforma constitucional.

Com a aprovação da reforma, ele poderia se candidatar a mais um mandato.

De acordo com o Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP), com 46% das urnas apuradas, o "não" recebe 57%, e o "sim", 42,66%. O Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) afirma que este é, por enquanto, o único resultado oficial.

Se esta tendência se confirmar, será a primeira derrota direta de Evo Morales nas urnas na última década. Isto o obrigaria a passar a faixa presidencial no início de 2020, quando finalizar seu terceiro mandato.

Em 2015, seu partido já havia perdido postos-chave nas eleições municipais.

O OEP indicou que dentro de 24 e 48 horas poderá anunciar um resultado oficial já próximo de 90%.

O gerente da consultoria Ipsos, Luis Garay, disse à imprensa que, segundo seus cálculos e de acordo com o andamento da apuração, não tem como o "sim" atingir 50% dos votos.

"Vamos respeitar os resultados, seja o 'não', ou o 'sim'. Sempre respeitamos, isso é a democracia", afirmou o presidente em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, em sua primeira aparição pública para comentar a votação.

O canal de televisão ATB, que citou o instituto Ipsos, anunciou a vitória do "não" por 52,3% dos votos, enquanto a emissora Unitel (instituto Mori) informou um índice de 51%. O resultado do "sim" foi de 47,7% e 49%, respectivamente, segundo uma apuração rápida de uma amostra representativa dos locais de votação.

Mais cedo, o vice-presidente Álvaro García havia afirmado que Morales "está na expectativa do processo eleitoral" e acredita em que os resultados "se modifiquem de uma maneira drástica, devido ao voto do exterior e de comunidades afastadas".

O voto leal a Morales está na área rural do país, de onde os resultados demoram a chegar, além do voto no exterior. Segundo García, este último pode mudar o resultado em meio ponto percentual.

"Acreditamos em que os resultados serão favoráveis ao MAS (Movimento Ao Socialismo, o partido de Morales) porque é o partido dos pobres, dos humildes, das pessoas que moram mais afastadas e é aí onde nossa força vai se manifestar", justificou.

O vice-presidente afirmou que "nas contagens rápidas não são levados em consideração os votos no exterior, nem as atas nos bairros mais afastados, nem das comunidades mais afastadas, onde o MAS tem um percentual maior de votação".

"A vitória será definida nas próximas horas", insistiu, antes de criticar a oposição por ter celebrado prematuramente um triunfo com base em dados extraoficiais.

"Estamos diante de um claríssimo empate técnico eleitoral", completou García, que tem esperanças nos votos dos bolivianos que moram na Argentina e no Brasil (quase 25.000) e em localidades remotas, não contempladas na contagem rápida, para dar a vitória ao "sim".

Quase 6,5 milhões de bolivianos votaram no país no domingo, enquanto outros 300.000 votaram no exterior.

"A Bolívia disse não!", disse, eufórico, o governador de Santa Cruz (leste), Rubén Costas, líder de um setor da oposição.

Já o ex-candidato presidencial Samuel Doria Medina, derrotado duas vezes por Morales, avaliou: "recuperamos a democracia e recuperamos o direito de escolher".

"Hoje foi sepultado o projeto de transformar o nosso país em um projeto de um único partido. Esta é a vitória do povo", declarou Medina, em coletiva de imprensa.

Nas últimas semanas a situação se complicou para o presidente de 56 anos. Evo Morales se viu afetado por um escândalo de suposto tráfico de influência a favor da empresa chinesa CAMC, na qual sua ex-companheira Gabriela Zapata trabalha como gerente comercial. A companhia obteve contratos públicos que alcançam 560 milhões de dólares, e o caso é investigado no Congresso. Morales nega as acusações.

Oposição dispersa

Para o analista independente Jorge Komadina, o resultado "está mostrando um apoio importante nas províncias, mas nas cidades capitais, inclusive nas intermediárias, uma votação forte pelo Não".

Ele considera, porém, que as "forças da oposição (que reivindicam o triunfo do Não) são forças dispersas, não têm um candidato, não são um ator homogêneo que tem uma única estratégia política, e sim um conjunto disperso de sensibilidades, de lideranças e de vontades políticas".

A presidente do TSE, Katia Uriona, considerou que o dia de votação "transcorreu em absoluta normalidade", exceto "um caso isolado" em Santa Cruz, onde alguns eleitores, incomodados com atrasos, queimaram urnas vazias.


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