O empresário Donald Trump consolidou na terça-feira sua liderança no Partido Republicano para as eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos ao vencer com uma ampla vantagem o caucus de Nevada. A maioria dos meios de comunicação americanos concederam a ele 47% dos votos, neste processo de assembleias abertas nas quais os cidadãos levantam as mãos para manifestar qual o candidato escolhido. "Há alguns meses não esperávamos vencer aqui e agora estamos ganhando o país", disse Trump em seu discurso após a divulgação dos resultados. "Vencemos com o apoio das pessoas mais cultas, vencemos com o apoio dos pobres cultos, amo os pobres cultos", afirmou diante de uma multidão de partidários.
Esta vitória se soma às já conquistadas nas primárias de New Hampshire e Carolina do Sul. Até agora Trump só perdeu o caucus de Iowa, primeira etapa do longo caminho das primárias. O caucus de Nevada constituía o primeiro capítulo da disputa republicana no oeste do país, em um estado onde quase 28% de seus três milhões de habitantes é de origem hispânica. Mas, apesar de seus constantes comentários denegrindo a população latina, quase a metade desta minoria apoiou Trump.
A vitória fez com que o empresário repetisse, quase como um mantra, que se chegar à Casa Branca construirá um muro na fronteira sul do país, com o México. O magnata disse que os dois próximos meses - durante os quais serão realizadas primárias na maior parte do país - serão "incríveis". Mas "talvez não precisemos de dois meses", lançou, dando a entender que necessitaria de um prazo mais curto para confirmar sua vitória no partido.
O segundo, também vencedor
A vitória de Trump foi tão folgada que superou os resultados combinados de seus adversários mais diretos. O senador Marco Rubio terminou em segundo lugar com 25% dos votos, de acordo com grande parte da imprensa local, o que parece reforçar suas chances de se converter no aspirante republicano que lutará contra o empresário. No entanto, o senador ultraconservador Ted Cruz, terceiro com 21% dos votos, rejeitou a ideia. "A história nos diz que ninguém ganhou a indicação (do partido) sem vencer uma das três primeiras primárias. E só há duas pessoas que venceram uma das três primárias: Donald Trump e eu", declarou perante seus seguidores.
Cruz conquistou surpreendentemente o caucus de Iowa, a primeira interna do partido. O senador declarou que será o presidente que "defenderá a vida, o casamento e a liberdade de religião, a Segunda Emenda (que regula o direito de ter armas), romperá o pacto nuclear com o Irã e destruirá totalmente o Estado Islâmico". O médico Ben Carson e o governador de Ohio, John Kasich, terminaram com 7% e 4% dos votos, respectivamente.
O caucus definirá quem ficará com os eleitores que apoiavam o ex-governador da Flórida Jeb Bush, que abandonou a corrida presidencial no sábado após ser derrotado na Carolina do Sul. Trump não tinha dúvidas antes de ser informado dos resultados do caucus. "@FoxNews acaba de informar que muita gente que apoiava @Jebbush agora me apoia. Sabia que isso aconteceria, mas os especialistas não!", comemorou em sua conta no Twitter.
Os democratas, na Carolina do Sul
Hillary Clinton e Bernie Sanders, por sua vez, realizaram um encontro com eleitores da Carolina do Sul, popularmente chamado de "town hall", quatro dias antes de se enfrentarem nas primárias democratas.
Os dois precisaram responder a perguntas relacionadas ao problema do racismo, um dos temas de maior preocupação neste estado onde o voto negro é chave. "Temos desafios muito importantes pela frente e acredito que é importante que as pessoas, sobretudo os cidadãos brancos, sejam honestos. Do contrário, nunca seremos a nação que devemos ser", disse Hillary.
Sanders, por sua vez, acusou Trump de fomentar o racismo com a dura campanha que está fazendo contra algumas minorias.
Em uma semana, democratas e republicanos enfrentarão a chamada "Super Terça-Feira", com primárias em Alabama, Arkansas, Georgia, Oklahoma, Tennessee, Texas, Virginia, Massachusetts e Vermont. Minnesota e Colorado celebrarão, por sua vez, caucus, e o Alasca acolherá a interna dos conservadores.