O presidente argentino, Mauricio Macri, fez uma dura crítica ao governo kirchnerista (2003/2015) nesta terça-feira em seu primeiro discurso de abertura das sessões ordinárias do Congresso. O presidente acusou a gestão anterior de ter deixado o Estado "desordenado e mal administrado".
"A primeira coisa é reconhecer que não estamos bem, embora nos doa, mas é a forma de colocar o ponto de partida na busca desse horizonte com que todos sonhamos", afirmou o presidente.
"Encontramos um Estado prejudicado pelo clientelismo, pelo desperdício e pela corrupção, que se pôs a serviço da militância política", disse, indicando o crescimento de 64% do emprego público entre 2003 e 2015, com o objetivo de "camuflar o desemprego com o emprego público".
Macri garantiu que, ao assumir a presidência, em 10 de dezembro do ano passado, após vencer nas urnas com 51% dos votos, encontrou "um Estado desordenado e mal administrado".
"Faltam documentos, não há estatísticas, custa encontrar um papel", insistiu.
"Nos enganaram, ocultaram o desemprego com emprego público", completou, ressaltando a "inaceitável quantidade de compatriotas que estão na pobreza em um Estado que não parou de crescer e não deu benefícios", enquanto parlamentares da oposição erguiam cartazes que diziam "Basta de demissões".
"Há uma década que a Argentina é um dos países com maior inflação do mundo, com uma média anual acima dos 20% e de 700% nos últimos 10 anos", lamentou o presidente.
De acordo com Macri, o governo da presidente Cristina Kirchner (2007/2015) deixou "um país cheio de dívidas, dívidas de infraestrutura, dívidas sociais, de desenvolvimento".
Macri acusou o governo kirchnerista de ter emitido moeda "de modo irresponsável, que gerou inflação, em meio à maior pressão tributária da história do país".
"Tanto pela inflação e as barreiras, a banda (de controle cambial), as restrições para importar e exportar, o Estado foi um obstáculo em vez de ser estímulo e apoio", afirmou Macri.
"As forças de segurança estão mal equipadas e maltratadas, com pouca capacidade de prevenir". "O sistema de defesa está desassistido", o que atribuiu "à incompetência e aos traumas ideológicos" do antigo governo de centro-esquerda.
Depois de dedicar meia hora de seu discurso de abertura do ano legislativo, se comprometeu "a publicar todos os dados, área por área, para que todos saibam o estado que a Argentina em dezembro de 2015".