Os aspirantes presidenciais do Partido Democrata, Hillary Clinton e Bernie Sanders, se enfrentam neste domingo em um novo debate, um dia depois de dividirem os votos em três estados durante as primárias para a indicação à Casa Branca. O milionário Donald Trump mantém, até agora, a liderança na corrida do Partido Republicano, mas o senador ultraconservador Ted Cruz aparece como seu principal rival após os resultados mistos nas disputas internas desse fim de semana.
Mas as vitórias do senador de 84 anos nos caucus (assembleias eleitorais) democratas de Kansas e Nebraska demonstraram que sua campanha está viva, apesar das poucas chances de vencer Hillary. Após 18 primárias democratas, Hillary acumulou 11 vitórias, incluindo os importantes estados do Texas e da Carolina do Sul.
Sanders, que venceu em sete estados, pode seguir somando delegados neste domingo, quando os democratas votarem no caucus do Maine, um estado parecido com Kansas e Nebraska, de maioria branca, setor preferido para o senador. Hillary e Sanders entrarão no palco do Whiting Auditorium de Flint, em Michigan (norte), uma escolha nada casual após o escândalo político desencadeado pela contaminação da água potável desta pequena cidade - já exposta a desigualdades econômicas e raciais - depois que as autoridades locais ignoraram, e depois ocultaram, a situação.
Espera-se que a própria cidade de Flint seja parte da discussão e uma oportunidade para os pré-candidatos democratas de atribuir a grave crise ambiental contra o Partido Republicano, ao qual pertence o governador do Michigan, Rick Snyder. Transmitido pela rede CNN e CNN em espanhol, o debate começará às 19h00 locais (22h00 de Brasília).
Pressionado, Rubio consegue respirar
As atenções estão voltadas para a corrida republicana, depois que a elite do partido declarou guerra aberta contra Trump, o magnata do ramo imobiliário de 69 anos que já atrai eleitores com seu discurso contra os imigrantes e o livre mercado, uma enorme quantidade de insultos, ataques contra minorias e deboches a classes políticas.
A elite do Partido Republicano teme que uma candidatura do magnata entregue as eleições de novembro de bandeja a Hillary Clinton, ou pior, abale para sempre os fundamentos do centenário partido de Abraham Lincoln.
Nas primárias de sábado, apenas Cruz, o senador do Texas, teve vitórias sobre Trump, em Maine e Kansas. Trump venceu na Luisiana e no Kentucky, mas Cruz obteve mais delegados no total.
O senador Marco Rubio saiu de mãos abanando, sem poder capitalizar no ataque da dirigência do partido contra Trump, que pediu ao legislador de origem cubana que abandone a corrida pela indicação.
Cruz também pediu a Rubio e ao governador de Ohio, John Kasich, que se retirem, alegando que o voto anti-Trump continuará dividido enquanto estiverem em campanha. "Se estivermos divididos, Donald ganha", alertou na noite de sábado. Pressionado, Rubio teve um alívio neste domingo ao vencer em Porto Rico.
Antes de domingo, Trump tinha 382 delegados, frente a 300 de Cruz e 128 de Rubio. Kasich, que não tem vitórias, acumula 35. O candidato republicano deve ter 1.237 delegados. Caso contrário, será preciso uma convenção "negociada", com várias rodadas de votação entre os delegados, algo que não é visto em décadas e que poderia deixar Trump de fora.
Caminho para a vitória
Em um discurso no sábado em Detroit, Hillary pareceu deixar de lado sua disputa interna com Sanders para assumir o papel de eventual candidata democrata e herdeira legítima do governo de Barack Obama.
"Não podemos permitir que tomem a Casa Branca e mantenham (a maioria) no Congresso. Vão destroçar todo o progresso que conquistamos com o presidente Obama", disse em referência aos republicanos.
Mas impulsionado por suas vitórias em Kansas e Nebraska, Sanders rejeitou estas especulações e afirmou neste domingo ter um "caminho em direção à vitória" para conquistar a indicação.
"Estamos vencendo em todo o país, geograficamente estamos bem. Temos um caminho em direção à vitória", disse ao canal ABC o senador.
Na mira para republicanos e democratas estarão posteriormente as primárias de Michigan na terça-feira e depois a grande batalha de 15 de março: cinco estados decisivos irão às urnas, entre eles o reduto de Rubio, Flórida. Os americanos votarão em 8 de novembro pelo substituto de Barack Obama na Casa Branca.