O norueguês Anders Behring Breivik, militante de ultradireita que assassinou 77 pessoas na Noruega em 2011, fez a saudação nazista nesta terça-feira ao entrar no tribunal que julga uma demanda que apresentou contra o Estado por suas condições de detenção. Breivik, com a cabeça totalmente raspada, vestido com um terno preto, entrou na quadra de esportes da prisão de Skien (Sul), transformada em sala de audiências e, olhando para o local onde a imprensa estava, fez a saudação nazista.
Muitos temiam que Breivik convertesse este processo em um palco para divulgar sua ideologia. Em 27 de outubro de 2014, em uma carta enviada à AFP, Breivik, de 37 anos, anunciou que aderia ao "nacional-socialismo". Em 22 de julho de 2011, Breivik matou 77 pessoas, oito delas detonando uma bomba perto da sede do governo em Oslo e 69, em sua maioria adolescentes, a tiros em um acampamento da juventude socialista na ilha de Utoya.
Em 2012, Breivik foi condenado a 21 anos de prisão, pena que pode ser prolongada se a justiça considerar que continua sendo um homem perigoso.
A justiça norueguesa deve se pronunciar sobre uma demanda de Breivik contra o Estado norueguês, acusado de violar duas disposições da Convenção Europeia de Direitos Humanos, que proíbe o tratamento desumano ou degradante e que garante o "direito ao respeito da vida privada" e "à correspondência".
Saudação nazista "personalizada"
A saudação nazista que fez nesta terça-feira é uma variante da mais "personalizada" que apresentou várias vezes durante seu processo em 2012. Na época consistia em levar o punho direito ao coração, antes de esticar o braço.
Uma vez sentado entre seus advogados, e sob forte vigilância, Breivik observou o público presente, composto em sua maioria por jornalistas reunidos na grande quadra de esportes, onde é possível ver duas cestas de basquete, um muro de escalada e barras para fazer exercícios.
Em sua alegação preliminar nesta terça-feira, seu advogado, Øystein Storrvik, destacou que este processo sobre suas condições de detenção é muito importante, já que Breivik provavelmente "vai passar toda a sua vida na prisão". Em várias ocasiões, Breivik classificou seu regime carcerário de tortura. O assassino norueguês sofre de "evidentes sequelas" causadas pelo isolamento ,segundo seu advogado. "Uma de suas principais atividades era estudar, mas agora não faz mais isso, o que para mim é um sinal de que o isolamento é prejudicial para sua saúde psicológica", explicou Storrvik à AFP antes do processo.
As visitas que recebe, raríssimas, são quase unicamente de profissionais, e ocorrem atrás de uma parede de vidro. Sua correspondência é controlada pelas autoridades, que consideram esta precaução necessária para impedir que o preso forme uma rede extremista.
O gabinete do procurador, que defende o Estado, considera que as condições de detenção estão "amplamente em conformidade com o que é permitido" pela Convenção Europeia de Direitos Humanos. Breivik dispõe de três celas, uma onde vive, outra para estudar e uma terceira para realizar exercícios físicos, com uma televisão, um computador - sem internet - e um videogame.
Também pode cozinhar e lavar sua roupa, atividades propostas visando a uma hipotética reinserção na sociedade norueguesa.
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